sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Ousando olhar por trás da máscara do homem massa



                Em tempos de crise e escassez de recursos, podemos identificar outra problemática que persiste em atravessar os tempos em nossa sociedade, “O homem massa”. Segundo José Ortega y Gasset, “Massa é o conjunto de pessoas a que podemos denominar homem médio”, caracterizando-se como um coletivo no qual cada homem não valoriza a sua individualidade, tendendo a fazer o que os demais estão fazendo de forma pouco ou nada racional. Dada sua definição, podemos com facilidade constatar que atualmente vivemos num mundo de massas, caracterizadas por serem qualitativas e vulgares. Os indivíduos constituintes destes coletivos são egoístas e egocêntricos, pois se consideram importantes na sociedade, mesmo não tendo uma opinião formada sobre as questões que movem nossa sociedade, tais como as relacionadas à política, por exemplo.

            Nessa teoria de comunicação, o homem massa não enxerga o poder de comunicação que teria em suas mãos, caso tivesse uma opinião formada. Ele está na multidão apenas por estar lá, e isto por si só para ele passa de meio a fim, tamanha a satisfação que o faz sentir-se o máximo simplesmente por estar inserido em uma multidão. Ele não se importa com o porquê de estar ali, por qual razão segue tal comportamento, e neste ponto reside o perigo de sua existência em ampla escala. Mas precisamos separar alguns pontos, pois podemos identificar um indivíduo na multidão e ele não fazer parte da “massa”. Dada esta sua essência qualitativa, podemos distinguir o que acontece, por exemplo, quando se está em um campo de futebol, momento no qual o indivíduo estaria apenas partilhando gosto ou afinidade em comum. A massa tem por outra característica importante o caminho da vulgaridade, uma vez que o indivíduo se conforma com o que já tem ou mesmo não tem. Não é uma divisão de classe, e sim de homem. Ressalte-se, devido a este aspecto, o perigo das massas. O indivíduo que ousa questionar os porquês da atualidade pode ser eliminado, sendo visto como uma ameaça apenas por pensar, e digo apenas pensar mesmo e não por pensar diferente, pois o homem massa rechaça a possibilidade do questionar e pensar, ele apenas aceita o que lhe é imposto.

            A massa hoje está muito presente nas redes sociais, nas quais os indivíduos apenas saem a curtir o que está na moda ou mesmo compartilhar um determinado tipo de assunto apenas porque todos estão fazendo. Se questionarmos esse indivíduo, ele não tem um porque de estar seguindo esse processo, apenas é parte da massificação de indivíduos alavancada hoje pela mídia eletrônica, que propicia a disseminação de massas de forma exponencial, dado seu vasto e rápido alcance. Não são poucos os exemplos de momentos na história que proporcionaram as condições ideais para o surgimento de grandes massas, mas certamente na atualidade quem lidera esse fenômeno são as mídias de grande alcance.

            O individuo que não se questiona, repise-se, é um perigo, pois basta uma informação para ele sair desesperado a fazer o que está sendo recomendado em qualquer noticiário, sem antes consultar um profissional da área e verificar se a informação transmitida está correta. Já dizia Freud: o indivíduo neurótico pensa a si mesmo, e nisso podemos pensar até mesmo nos suicídios.

                Pergunto: onde está a direção certa, qual o ponto de partida para melhorar nossa atualidade? É esse o tipo de indivíduo que queremos para nossa sociedade? Um indivíduo que não questiona o outro e nem a si mesmo? Que simplesmente aceita tudo que é imposto? Que nas eleições vota em um candidato pelo lindo corte de cabelo? Nosso país tem condições de mudar esse quadro, mas, para isso, é fundamental valorizar nossa educação, pois é só com educação que um país evolui intelectualmente e forma verdadeiros cidadãos. Assim, certamente podemos concluir que o ponto de partida para a desejada mudança nascerá no momento a partir do qual retribuirmos ao professor seu devido valor, enquanto cidadão a quem incumbe o nobre papel de moldar e disseminar a cultura, transmitindo conhecimento às futuras gerações de brasileiros.

           Marcelo Franco

Haicais em Cidreira

HAICAIS VeJo senTido no Meu desaPreÇo, Saudades No meU deSapeGo, Apego nO meU reCoMeçO. aManheCeu Em maiS Um diA. Olhos CanSados aPós noiTe ...