segunda-feira, 13 de junho de 2022

Bullying e a filosofia das agressões verbais e não verbais

 







            Até que ponto é legal colocar apelidos? Como podemos identificar se um aluno está sendo alvo de alcunhas indesejáveis? Sabemos que os alvos geralmente são os indivíduos mais tímidos, quietos, inseguros, que geralmente possuem poucas amizades e se sentem incapazes de reagir aos atos de violência, seja ela verbal ou física. A escola, enquanto ambiente educativo, deve se posicionar e adotar medidas para controlar o bullying, pois, se bem aplicadas, podem contribuir positivamente para diminuir a cultura de não violência em nossa sociedade.

            O fenômeno bullying tem origem na Suécia, a partir da década de 1970, onde o professor Dan Olweus começou a fazer pesquisas sobre o problema da violência verbal entre iguais. O bullying é um subconjunto de comportamentos agressivos que estão envolvidos em situações de insultos, assédios, intimidações, exclusões e discriminações de gênero. Se traduzirmos literalmente bully, podemos dizer que significa: valentão, tirano, brutalizador ou amendrotador. O praticante de bullying utiliza atitudes repetitivas e sem motivo aparente maltrata, intimida, provoca dor, angústia e sofrimento à vítima. Ressalte-se que, em muitos dos casos, o próprio praticante de bullying já foi alvo desta prática que, neste caso, é fundamentada em seu sentimento de frustração e desprezo à sociedade que permitiu a sua agressão em tempo pretérito.

            Geralmente, um apelido é dado por um amigo, devido a uma característica singular de quem recebe. Porém, geralmente a concessão é feita por uma característica que a vítima não gosta de alardear, tais como um simples uso de óculos ou uma característica distinta daquela comumente tida como “normal” em alguma parte do corpo. Todavia, uma alcunha pode por vezes tornar-se tão embaraçosa que a vítima pode ter a vir que mudar de escola, de residência ou ambos.

Crianças que sofrem o bullying estão mais propensas a desencadear danos à saúde, tais como: depressão, ansiedade, irritabilidade, agressividade, pânico, desmaios, insônia, estresse entre outros sintomas. Com relação a esta situação, podemos analisar a importância do desenvolvimento de uma cultura de formação de valores coletivos, fomentando atitudes que venham a permitir uma convivência harmoniosa dentro do grupo escolar. A cultura dos apelidos no Brasil sempre existiu, e nunca vai deixar de existir, a questão é: até que ponto esses apelidos são legais?

Dentre os aspectos a destacar, temos que as ações, condutas, pensamentos e ideias que influenciam as decisões e práticas dos grupos que as envolvem, são capazes de promover a formação de características próprias de um ambiente. E, apesar de existirem pesquisas referentes ao tema na literatura educacional, ainda não se mostram suficientes para diminuir a incidência das alcunhas agressivas. A necessidade do estudo do fenômeno vinculado à concepção das manifestações de bullying em nossa sociedade é uma realidade fartamente constatada, carecendo ainda, contudo, tanto de pesquisa quanto aplicação de medidas mais efetivas por parte das instituições de ensino que assistem às suas manifestações perversas de forma quotidiana.  

É notado que as pessoas que sofrem bullying normalmente evitam expor o problema, dificultando a identificação do fenômeno. É necessária uma psico-educação efetiva, principalmente dentro das escolas, entretanto, que não seja elaborada e praticada de forma limitada aos seus domínios. Este debate e suas conclusões decorrentes devem ocorrer através da promoção da participação dos pais e demais envolvidos, visando à elaboração conjunta e consequente ampla aceitação da disciplina a ser estatuída pela instituição de ensino quanto ao tema. Quanto mais se debater e discutir sobre o fenômeno bullying, mais esclarecidos ficaremos com relação ao problema, favorecendo o surgimento de novas ideias e metodologias que visem à diminuição desta prática perversa.

Pensando num contexto geral, acredita-se que a prevenção e a educação efetiva que promovam comportamentos solidários permitirão uma diminuição do fenômeno e a construção de um ambiente agradável de convívio. Contudo, em cada situação há necessidade de debate e adequação quanto à metodologia a ser adotada, em razão das peculiaridades locais e da comunidade envolvida. Inclusive, constata-se que por vezes a maior dificuldade na gestão deste fenômeno no interior das instituições de ensino é, justamente, a falta de participação da comunidade, que de forma majoritária não partilha de modo efetivo da cultura e dos valores que a instituição deseja restaurar no ambiente escolar. Infelizmente, o crescente individualismo em nossa sociedade só faz muitos se colocarem no lugar do outro quando de fato lá encontrarem-se postos, vivenciando diretamente o drama (que deixa de ser alheio) no interior de suas casas.

Marcelo Á. Franco

Haicais em Cidreira

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