domingo, 20 de agosto de 2023

Hannibal Lecter, de Serial Killer a canibal sedutor

 



    Assistir ao filme norte americano “O Silêncio dos Inocentes” consistiu num importante marco em meu crescente interesse sobre o tema “Assassinos em série”.  Com o passar do tempo a curiosidade foi conduzindo a mais pesquisas, leituras e informações e, não à toa,  desde o início de minha graduação em psicologia eu já havia firmado convicção acerca do tema do meu trabalho de conclusão: Serial Killer, Assassino em Série ou Psicopatia. Esse filme me trouxe muitas indagações e questionamentos sobre a natureza humana, tais como: O que poderia motivar seria um indivíduo a cometer crimes bárbaros contra sua própria espécie? Seria possível alguém ter um nível de crueldade tão elevado assim? Até que ponto ou diante de quais circunstâncias o comportamento cruel pode ser considerado patológico e/ou passível de mudança ? Mal sabia eu que isso só seria o início de uma longa pesquisa em minha jornada acadêmica. Mas, retornando ao filme “The silence of the lambs”, pode-se dizer que é realmente um filme muito especial para os fãs da temática psicopatia, é claro, pois traz em seus 118 minutos um enredo repleto de enigmas e referências a histórias reais de assassinos em série.



    Em princípio é um filme com enredo básico, no qual assassinatos acontecem e a polícia tenta capturar um assassino que está matando mulheres e retirando a pele de parte dos corpos das mesmas, fato que deixa os investigadores intrigados. Esse filme é baseado no livro de Thomas Harris publicado em 1988 e senhoras e senhores, em minha opinião, é sim um ótimo filme! Essa junção de terror, suspense e drama, sempre traz muitas fantasias assustadoras para quem assiste, ainda mais aos que sabem que o filme tem conexões com histórias reais, fato que deixa esses telespectadores ainda mais intrigados. Um jogo psicológico se faz presente desde o início até o fim, sem contar as questões relacionadas ao tipo de personalidade de quem comete os crimes, pois se matar alguém já é um ato complicado, se torna mais complicado ainda quando se fazem presentes requintes de crueldade. Um ponto que se destaca no filme é a atuação do ator Anthony Hopkins, que apesar de aparecer em cena por menos de vinte minutos durante todo filme, parece estar  presente em todas as cenas, devido à intensidade da trama e seus aspectos legais e  psicológicos, que seguram o espectador o tempo inteiro atento à “pelicula”.



    Resumidamente, Anthony Hopkins (Dr. Hannibal Lecter) interpreta um psiquiatra que está preso em uma prisão de segurança máxima por ter cometido crimes bárbaros e totalmente impensáveis para qualquer ser humano. Ele está preso por ser um assassino canibal que mata e come suas vítimas, além de servir suas carnes em jantares refinados, oferecidos à alta classe e pessoas com as quais mantinha contato. Nesse contexto bem tranquilo (kkk) uma estagiária que ainda não concluiu o curso para se tornar uma detetive é designada para falar com o canibal e tentar fazer com que ele ajude a polícia local a capturar um assassino que está cometendo crimes que estão deixando a sociedade em pânico. A competente estagiária em questão chama-se Clarice Starling e é interpretada por Jodie Foster, que também atua de forma sensacional neste filme. No desenrolar da trama o plano acaba encontrando adversidades maiores que as esperadas, pois como todo “bom” psicopata, o canibal Hannibal Lecter também manipulava suas vítimas, e não foi diferente com Clarice, a quem ele resolve fazer uma série de exigências pessoais para seguir colaborando na resolução do caso.



    Transpondo a arte para a ciência, ao relacionarmos o filme com a teoria existente acerca do assunto, é possível identificarmos Dr. Hannibal Lecter como portador de Transtorno Antissocial, mais conhecido socialmente como Psicopatia. Trata-se de um comportamento que tem por base transgredir as regras sociais e o indivíduo que apresenta esse tipo de transtorno não tem empatia por ninguém, e quando falo ninguém, é ninguém mesmo. É um tipo de conduta que não é passível de mudança, pois não há cura e nem controle, sendo o único manejo possível o isolamento social deste indivíduo. Sempre que refiro acerca do tema, lembro uma espetacular professora que tive na faculdade e que estudava esse tipo de comportamento. Ela me ensinou muito sobre o assunto e repetia  sempre que a única forma de se controlar os psicopatas é ficando longe deles. Porém, infelizmente esse tipo de indivíduo caminha por aí sem diagnóstico ou mesmo identificação dizendo “SOU UM PERIGO”. O psicopata procura sempre três condições básicas para ele: poder, status e prazer. Além disso, é possível também afirmar, com base na literatura e estudo científico desenvolvido, que a mente humana não tem fronteiras, que um psicopata já nasce com esse comportamento e que o transtorno em questão não escolhe raça, altura, peso, gênero ou qualquer outro tipo de característica humana.

   No filme podemos verificar também o nível de crueldade com que esse tipo de indivíduo é capaz de agir através das ações e falas do Dr. Hannibal Lecter, um canibal frio e calculista. Uma curiosidade do enredo que intriga os mais estudiosos do tema é a exata motivação que leva o canibal a oferecer ajuda para capturar um outro psicopata. Mas registre-se que o fato retratado nas telas não passa de mais uma referência concreta aos menos desentendidos, pois na vida real isso já aconteceu quando o famoso serial killer Ted Bundy auxiliou o FBI a desvendar o caso do “Assassino de Green River”.



 O silêncio dos inocentes é um filme que recebeu muitos prêmios importantes, dentre eles: melhor filme, melhor diretor (Demme), melhor ator (Hopkins), melhor atriz (Foster) e melhor roteiro adaptado. Em resumo, uma ótima produção para se assistir. The Silence of the Lambs não se trata de mais um daqueles filmes carregados de clichês e cenas de suspense chatas e óbvias, acerca das quais já sabemos o desfecho e sequência, ele é direto, como uma patrola desgovernada descendo uma ladeira. E o melhor de tudo é que, após esse filme, se sucedeu uma sequência de três outros filmes relacionados à mesma trama, agregando novos personagens, mas sempre mantendo o canibal Dr. Hannibal Lecter como centro ou origem das histórias. Portanto, para quem ainda não assistiu “O silêncio dos inocentes” a sugestão é para que não perca tempo e vá logo até uma locadora alugar este belo filme de terror (ou procure em algum canal pago de televisão para assistir). 

Marcelo Franco

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Banda Sepultura: Relatos de um admirador

  


   


Desde muito cedo sempre tive a inclinação musical para o som pesado, para não dizer  barulhento. Os trabalhos, registrados tanto em discos de vinil quanto em fitas cassete, de bandas como Metallica, Slayer, Ratos de Porão, Replicantes, Dorsal Atlântica, Korzus, Vulcano, D.R.I., Dead Kennedys, The Exploited e, claro, Sepultura, eram visitas mais que assíduas em meu aparelho de som. Pelo que lembro, a partir dos meus 12 anos eu conheci e passei a acompanhar “bem de perto” os estilos Hard Core e Metal, já escutando música como uma forma de lazer. Logo após, enquanto a maioria das pessoas conheceu e passou a difundir ainda mais o “pagode” e “axé”, estilos que fizeram muito sucesso na época, eu seguia buscando sempre as músicas com guitarras distorcidas.

Hoje escolhi registrar e compartilhar um pouco sobre uma banda que acompanho desde o início da carreira, além de ter quatro LP’s do grupo, tenho alguns CD’s também. “Ladies and gentlemen”, me refiro ao Sepultura, maior grupo de metal brasileiro, que com uma carreira internacional consagrada conseguiu quebrar as barreiras do preconceito social contra o som pesado que existe em terras brasilis. O Sepultura é uma banda de Heavy Metal formada pelos irmãos Max (guitarra e vocais) e Igor Cavalera (bateria) em Belo Horizonte. Além dos irmãos, a banda iniciou com Paulo Jr. (Baixo) e Wagner Lamounier (segunda guitarra).  A banda surgiu com uma pegada bem pesada e partiu realizando ensaios e shows em início de carreira como qualquer outra banda underground. Mas como em toda banda de rock, os desentendimentos sempre acontecem e a formação sofre alterações. No caso do Sepultura, o primeiro a deixar o grupo foi o guitarrista Wagner, que forma outra banda importante no cenário nacional da época, o “Sarcófago”. Em seu lugar entrou Jairo Guedes e a banda dá uma certa “embalada”, iniciando uma carreira de sucesso. O Sepultura usa de todos os meios de mídia da época para divulgar o som da banda, indo de fanzines a rádios locais. Mas um show em especial deu início ao sucesso dos meninos metaleiros: em 1985 acontece um festival de metal em BH e o dono da gravadora Cogumelo Records, que viu o Sepultura ao vivo e gostou da sonoridade dos meninos, acaba contratando o grupo.



No final deste mesmo ano sai o EP “Bestial Devastation” (infelizmente não adquiri este álbum na época), um álbum que foi gravado em apenas dois dias e que é um trabalho dividido com outra banda de metal, a “Overdose”. Infelizmente foi um disco com qualidade baixa, mas já foi o suficiente para  chamar a atenção do público do metal. Em 1986,  lançaram o segundo LP, o clássico “Morbid Vision” (esse sim, esse eu TEEEENHO). Considero este disco uma obra que retrata com aprimoramento o som da banda, bem pesado e já trazendo o primeiro hit, “Troops of Doom” - uma música que é tocada até hoje nos shows dos caras. Mas, como é comum, a banda tem mais uma baixa, e mais uma vez o Sepultura perde o guitarrista solo, Jairo Guedes, que deixou a banda em 1987. Em seu lugar entrou Andreas Kisser, e neste mesmo ano eles gravaram “Schizophrenia” (também tenho esse baita LP), o verdadeiro marco divisório na carreira da banda. Este LP é fruto do amadurecimento musical dos garotos do Brasil. O disco foi muito requisitado na América Latina e Europa, onde recebeu elogios da crítica gringa. Em meio a toda empolgação e o crescimento do sucesso internacional da banda, uma situação inusitada aconteceu e ajudou o Sepultura de certa forma: uma gravadora européia pirateou o álbum “Schizophrenia”, vendeu mais de 30 mil cópias e, mesmo sem receber um “tostão” pelas vendas, a banda ganhou uma forte divulgação, que despertou a atenção da conhecida gravadora “Roadrunner Records”, que resolveu contratá-los por um período de sete anos e lança o LP internacionalmente.



A banda finalmente recebeu a chance de mostrar o seu trabalho lá fora e saiu em turnê junto com a banda (também de metal) “Sodom”, mas essa turnê foi nada tranquila, pois, segundo os integrantes do Sepultura, os caras da banda Sodom eram chatos pra C@r@lh0!!!! A partir daí o reconhecimento do grupo só aumentou e a banda cresceu musicalmente, tanto no cenário nacional como internacional.



Bem, até agora falei mais da carreira da banda e não coloquei minhas experiências com o Sepultura, mas como escrevi lá no início, sou um apaixonado por música pesada e o Sepultura faz parte de minhas paixões musicais. É engraçado, pois assim como aconteceu comigo em relação a outras bandas de som pesado, com o Sepultura se repetiu a cena: num belo final da tarde, após sair da escola, fui dar uma olhada nas novidades musicais da loja de discos “Prisma discos” (já é a terceira vez que falo da loja no meu blog, vou pedir patrocínio kkk). Na parte dos discos de metal encontrei aquela capa “tinhosa” com o nome SEPULTURA, uma capa que eu sabia que se comprasse o LP ia causar problema em casa. E não à toa, pois na capa há o desenho de três pessoas crucificadas e um demônio olhando com cara de paisagem, algo incomum para a  época (fim dos anos 80). Mas pensei: “vou comprar e entrar em casa de costas para ninguém notar”, o plano estava perfeito, daria tudo certo. Mas esqueci que naquele dia meu pai ia me buscar na escola. Comprei o álbum e voltei para escola, pois havia combinado com meu pai de me buscar lá em frente, ele chegou e entrei no carro, jogando a mochila no banco de trás com todo cuidado, imaginando que meu querido pai não veria a maldita capa (aliás, sempre pensei: por que os caras fazem um som tão legal e precisam fazer essa capas com demônios, cruzes e esqueletos? PQP). Infelizmente deu tudo errado, pois meu pai viu e perguntou, “que disco é esse?” E respondi que era de um amigo, mas ele pediu para ver. Não preciso dizer que meu pai “adorou” a capa e até disse, sic “nossa meu filho, que capa supimpa!!!” Me lembro que foi bem isso que ele disse hahahahaha. Mas seguindo… Sempre fui fã do Sepultura, comprei quatro álbuns em sequência na época, apenas deixei de comprar o EP “Bestial Devastation” por questões da época, mas sempre gastei muito em discos e livros. Lembro, hoje arrependido, que decidi não comprar este álbum para comprar outros LP’s (que acabei nem comprando kkkk). Hoje o álbum original “Bestial Devastation” é uma raridade, sendo encontrado com alguma facilidade apenas na formatação atual (regravação dos irmãos Cavalera), gravada em discos de vinil de 180 gramas e com o valor bem “salgado”.

Consegui curtir dois shows do Sepultura, com as formações que mais gosto (não que hoje eu não goste da formação atual, mas a formação com os irmãos Cavalera é muito mais “afudê”). O primeiro show do Sepultura que tive o prazer de assistir foi a muitos anos atrás (não sou um Matusalém, mas já faz um tempinho kkk), no Ginásio Geraldo Santana e não lembro exatamente o ano. Recordo que  foi um show promovido pela Kátia Suman, que na época era locutora da extinta rádio Ipanema FM. Já o segundo espetáculo que assisti foi em 09/11/1994, um baita show que reuniu nada mais nada menos que as bandas Raimundos, Sepultura e Ramones no Ginásio Gigantinho em Porto Alegre, por sinal neste show eu fui acompanhado de minha esposa Patrícia, namorada na época. Simplesmente foi uma pedrada atrás da outra, onde cada banda tocou em torno de uma hora e pouco, momento especial para um fã de música pesada. Apesar de não termos certeza à época, tínhamos a impressão de que um show assim nunca mais iria acontecer, dada a dificuldade de reunir as bandas, seja por brigas ou pelo estilo de vida de alguns integrantes, que logo já não estavam mais entre nós, confirmando a impressão que tivemos no épico momento.



Bem, retornando à carreira do Sepultura, ou falando sobre a fase que mais gosto, ainda tem dois álbuns que não comentei,  “Beneath the Remains” e “Arise”. O primeiro marcou o auge da banda, o momento em que eles realmente estouraram. Lembro que só se escutava falar no Sepultura e acabou acontecendo algo que particularmente não gosto: a banda virou “moda” e se via muitas pessoas que acompanhavam apenas o que estava em evidência dizerem que gostavam de algo, todavia sem nem saber a origem e história do grupo. Se escutava, por exemplo, que o Sepultura era uma banda gringa, apenas porque as  letras de suas músicas são em inglês. Simples assim, mas isso é outro assunto, me lembra Friedrich Nietzsche, que fala sobre o “gado”.

Beneath the Remains foi um LP muito bom, você escuta da primeira música até a última sem passar nenhuma faixa para frente (no meu caso levantar o braço do toca discos e passar para próxima faixa). É um disco pesado e muito bem trabalhado musicalmente, produzido por um selo gringo, que acaba tornando mais fácil para os músicos fazerem um álbum de ótima qualidade. Tempos atrás escutei a banda dizendo que o álbum ficou com o som do contra-baixo muito baixo e queriam ajustar a gravação, confesso que não sei como ficou essa questão, mas para o Marcelo Fã, o álbum ficou perfeito. Em seguida veio o disco “Arise”, que foi lançado em duas versões, uma edição limitada para fãs e outra não menos especial com uma música a mais, no meu caso tenho a versão especial, que tem a capa diferente trazendo a frase “gravação limitada para o Rock in Rio” (festival que foi um marco na música, principalmente para o Brasil). Infelizmente, como já disse, eu sempre tinha uma lista de LP's enorme para comprar, e acabei por não comprar a outra edição, que por sinal, vinha com a bela cover de Orgasmatron, música da banda Motörhead.



Ladies e Gentlemen, notei que nunca havia escrito um texto tão extenso, mas é sobre uma banda que sou apaixonado, o que acaba tornando a produção prazerosa por fazer lembrar os momentos especiais que o Sepultura me proporcionou. Seguindo na carreira da banda, ainda foram gravados os álbuns “Chaos A. D.”  (1993) e “Roots”  (1996), com a principal formação da banda (que trazia os vocais do Max Cavalera), que ao meu ver tem outra sonoridade e traz um diferencial para o Sepultura. A banda teve muitas tretas, mas isso é algo que deve ser resolvido nas internas da banda, já diria um sábio: “Se você quer manter um ídolo em seu devido lugar, não o conheça pessoalmente” e acrescento: no máximo peça um autógrafo ou uma foto com ele. E viva o som pesado para quem gosta, pois se você é de outra linha musical, está no lugar errado kkkkk.

Marcelo Franco

OBS: LP's de arquivo pessoal.

Haicais em Cidreira

HAICAIS VeJo senTido no Meu desaPreÇo, Saudades No meU deSapeGo, Apego nO meU reCoMeçO. aManheCeu Em maiS Um diA. Olhos CanSados aPós noiTe ...