quarta-feira, 1 de maio de 2024

Interpol - estreitando laços familiares


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    Falar da banda Interpol me faz lembrar do ano de 2020, época de COVID-19, isolamento, confinamento, leituras e muitas horas de reflexão. Mas o que a banda teria a ver com este momento? Interpol é uma banda norte-americana formada em Nova York no ano de 1997. Suas músicas lembram bandas como Joy Division e Echo & the Bunnymen, imaginando-se o resultado da mistura dessas duas bandas, a audição das canções da Interpol revela sequências de um som “supimpa” e harmonioso.

E é através dessa mistura que me deparei mais uma vez com a constatação sobre o poder de influência  de nossas raízes sobre o que nos envolve na atualidade e nossa percepção a respeito. Lembro-me que durante a Pandemia, escutei muito Interpol e com todo tempo que eu tinha disponível, pude pesquisar e conhecer toda discografia e história da banda. Músicas como “Evil”, “C’mere”, “Slow Hands”, “Obstacle 1”, “All the Rage Back Home”, “Rest My Chemistry e “Mammoth” faziam parte de minha play list, e seguem sendo até hoje.


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            Mas onde quero chegar com esse papo? Bem, dia desses eu estava levando meu filho para a escola, em Sapucaia do Sul, e me surpreendo com ele colocando justamente a banda Interpol para rolar no aparelho de som do carro. No primeiro momento, fiquei sem entender, e não falei nada, mas a surpresa tomou conta de mim ao constatar que meu filho gosta do que eu gosto, pois Interpol é uma banda não comercial. Não toca em rádios e muito menos é feito uma propaganda para promover a banda no Brasil. Mas de onde esse gosto musical? Neste momento meu questionamento se tornou um orgulho, “meu filho gosta de música boa!!!” ele poderia seguir na onda de estilos musicais que prefiro nem mencionar, mas não, o guri curti rock, e da melhor qualidade. Sei que os gostos musicais do meu filho não são comuns, pois para um menino de dezesseis anos, apreciar os concertos de Franz Liszt é algo totalmente fora da realidade. Infelizmente encontrar hodiernamente quem aprecie As Quatro Estações de Vivaldi ou mesmo as composições de Ludwig van Beethoven não é comum, principalmente em nosso país.


Fonte: Arquivo pessoal

            Lembrando hoje deste dia no qual me deparei com o Murilo colocando Interpol para escutarmos durante o trajeto para a escola dele, entendo que presenciei a comprovação de que as raízes de nossa essência nos mais diversos aspectos são, em diversos graus e através de diversas maneiras, influenciadas pelo contexto em que se está inserido. Claro que a influência não se dá exclusivamente pela música, mas confesso que a música de alguma maneira me conecta demais com meus filhos. Ambos desenvolveram preferências musicais baseados em muita coisa que eu escuto, e isso me deixa extremamente feliz.


Fonte: Arquivo pessoal

            No início deste texto eu mencionei algumas músicas do Interpol, e verifiquei que das sete músicas que mencionei, ele colocou quatro para escutarmos naquela ocasião. Lembro-me ainda que durante o trajeto ele começou a me contar sobre as características e influências da banda. Chegou a mencionar que um dos integrantes da banda é formado em Filosofia (baixista – Carlos Dengler, que infelizmente deixou a banda em 2010).

            Depois de algum tempo, e após realizar algumas reflexões, percebo que sempre estive perto de meus filhos, mesmo que distante fisicamente como na época da pandemia. Eles de alguma maneira internalizaram parte de meus gostos musicais, aflorando sentimentos bons que a música é capaz de nos proporcionar. Como nos diria o filósofo Friedrich Nietzsche “Sem a música a vida seria um erro” (Nietzsche, 1888).  Em relação ao Murilo, registro ainda que dia após dia reconheço que minha influência em muito ultrapassou a seara da música, sendo possível constatar formas de agir diante do cotidiano social em que vivemos que em muito se identificam com as minhas.

            Mas retornando à música e à banda Interpol, sinto uma felicidade oceânica por saber que em vários momentos que ainda teremos, sejam eles curtos ou longos, vamos poder escutar muito Interpol e construir belos diálogos relacionados à música, sejam estes sobre Interpol ou qualquer outra banda que tenhamos afinidade ou não. Termino citando “I see a sign, it says: Okay” (traduzindo, Eu vejo um sinal que diz: está tudo bem), frase da música “Rest My Chemistry”.  Te amo meu filho.  

Marcelo Franco

* Crepúsculo dos Ídolos. Trad: Paulo César de Souza. São Paulo: Cia das Letras, 2006.  

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