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Desde
o início dos tempos, como se pode observar, o crime permeia nossa sociedade, e
o criminoso, este ser tão intrigante, tem sido um elemento nada bem vindo em
nosso convívio. Nas HQs não poderia ser diferente, os vilões de certa forma
desenvolvem um papel importante. No caso do Coringa, esse personagem
intrigante, assustador e sem piedade, acaba por outro lado conquistando muitos
admiradores, pois sem ele as histórias do Batman não teriam sentido. Levando em
consideração que a determinação do conceito de criminalidade provém de um
paradigma social, podemos fazer um paralelo com as HQs, pois no mundo real os
vilões não são bem vindos, enquanto nas HQs eles desenvolvem um papel
importante no decorrer das histórias, nas quais sem eles os super-heróis não
teriam nem ―emprego‖. Mas não podemos esquecer que, mesmo nesse papel
fundamental das revistas, eles ainda são vilões e devem ser tratados como tal.
O Coringa é o tipo clássico de psicopata, ele sabe o que faz, como faz e com
quem faz suas atrocidades, cumprindo seus objetivos sempre das mais diversas
formas possíveis, com requintes de crueldade, sadismo extremo ou pelo simples
prazer proporcionado pelo ato de matar. É um indivíduo misterioso, pois ele só
é visto pela sociedade quando comete seus crimes, parecendo só existir quando
consuma seus delitos, impondo terror e medo.
No
caso do personagem Coringa, ficam evidentes os traços de um psicopata. Na HQ
Piada Mortal, o palhaço do crime, como também é conhecido, atira à queima-roupa
em Barbara Gordon (filha do Comissário de Polícia James Gordon), e a bala
atravessa a espinha dorsal e leva Barbara a ficar paraplégica. Arquitetando
tudo isso, o vilão Coringa solta uma de suas pérolas: “ora francamente o caso
não é tão grave assim.... claro que a possibilidade de ela voltar a andar é
muito remota. Mas tudo pode ser resolvido com uma cadeira de rodas”. O pai de
Bárbara, o comissário Gordon, assistia tudo à distância via vídeo conferência,
ao mesmo tempo em que era espancado pelos capangas do vilão. É possível
identificar a forma cruel e sem emoção durante a prática daquele ato, durante o
qual o vilão não se coloca em momento algum no lugar do pai da vítima e muito
menos como sendo a própria vítima. Esse tipo de indivíduo não tem sentimentos
e, ao fingir os ter, torna-se um verdadeiro ator do mal, deixando um imenso
rastro de destruição em vidas alheias.

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Ainda nesta HQ, o Coringa deixa
claros a sua frieza e o alto grau de crueldade. Com a frase ― “... como é bom
ser loucoo!”, nesta sequência podemos ver o vilão mostrando fotos de Barbara
Gordon despida, nas quais a vítima demonstra estar sentindo muitas dores. É
possível depreender a partir das imagens as inúmeras torturas e abusos a que
deve ter sido submetida pelo cruel Palhaço do Crime, que se divertia e sorria
muito com a cena, inclusive ao ver o Comissário Gordon desesperado, diante das
cenas de tortura que sua filha protagoniza, impostas pelo cruel bandido.
Podemos trazer como ilustração uma história real, mostrando que os psicopatas
não estão somente nos livros e nas histórias em quadrinhos, fazendo-se
presentes no quotidiano entre nós de forma improvável, por vezes sem qualquer
indício aparente do desvio de conduta. John Wayne Gacy Jr era um engenheiro que
se vestia de palhaço nas horas vagas, animando de forma gratuita festas
infantis. Um homem acima de qualquer suspeita, casado, uma filha, emprego fixo,
filiado ao partido democrata norte-americano.

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Tinha uma vida dupla, torturava
jovens e os assassinava a sangue frio. Como esta, poderíamos listar várias
outras histórias, onde o transtorno psicopático está presente. A
psicopatia é considerada um transtorno onde indivíduo não sente empatia pelo
outro, demonstra uma frieza sem igual e está disposto a conquistar o que ele
quiser a qualquer custo, considera-se uma designição para o indivíduo portador
de desordem de personalidade caracterizada em parte por comportamento
antissocial recorrente, diminuindo a capacidade de empatia ou remorso e baixo
controle comportamental.
No mundo dos
quadrinhos não é diferente: vários são os personagens que seguem essa linha
entre a realidade e a fantasia de dominar até mesmo vida e morte, de forma mais
ou menos aparente e perversa. Personagens de histórias em quadrinhos, como Caveira
Vermelha, Magneto (Marvel Comics), Duas Caras e Lex Luthor (DC Comics) são
clássicos psicopatas da arte sequencial que só pensam em questões como dominar
o mundo, poder extremo e ter prazer em suas conquistas, mesmo que tenham que
matar até mesmo aqueles que estão ao seu lado.
Marcelo Franco