domingo, 27 de julho de 2025

Método Kominsky: envelhecer é difícil, mas morrer é ainda pior

 

"O Método Kominsky" é uma série de comédia dramática criada por Chuck Lorre, estrelada pelos atores Michael Douglas e Alan Arkin, que retrata a trajetória de Sandy Kominsky (Michael Douglas), um ator que se torna treinador de atores idosos, e seu amigo Norman Newlander (Alan Arkin). Uma narrativa que explora temas profundos relacionados à velhice, amizade, perda, e, sobretudo, finitude, abordando-os com sensibilidade, humor e reflexão.

A trama se desenrola em Los Angeles, onde Sandy e Norman enfrentam os desafios do envelhecimento enquanto tentam manter suas vidas ativas e significativas. Através de diálogos inteligentes e situações cotidianas, a série revela as complexidades emocionais e físicas que acompanham o processo de envelhecer, incluindo as inevitáveis questões relacionadas ao morrer. Ao longo da série, estas questões são tratadas com uma profundidade que transcende o mero humor, revelando reflexões sobre a inevitabilidade da finitude humana e como esta influencia as vidas dos protagonistas.

Ao longo da narrativa, a série destaca aspectos universais e intrinsecamente humanos relacionados à finitude. A morte é apresentada não apenas como um evento final, mas como um processo cuja iminência influencia profundamente a forma como vivem suas vidas. Sandy, por exemplo, lida com a doença de Norman, que enfrenta um câncer terminal. Essa situação traz à tona reflexões sobre o medo, o aceitamento e a dignidade na fase final da vida. A maneira como Norman enfrenta sua doença — com humor, resignação e uma busca por sentido — exemplifica uma abordagem mais consciente e serena acerca da finitude humana. Ele, apesar das dificuldades, permanece conectado às suas emoções e às suas relações, demonstrando que o morrer também pode ser uma etapa de compreensão e paz.

Sandy e Norman enfrentam perdas pessoais, incluindo a morte de familiares e amigos, o que os força a confrontar suas próprias finitudes. Estas experiências trazem à tona questões existenciais, como o medo da morte, o sentimento de solidão e a necessidade de atribuição de significado à própria existência. A série mostra que o morrer não é apenas um evento, mas um processo que permeia as ações, decisões e relações dos personagens, revelando uma compreensão madura sobre o ciclo natural da vida. A abordagem da série evidencia que o envelhecimento e a morte são fenômenos universais, mas que podem ser enfrentados com humor, aceitação e companheirismo. Os personagens demonstram que, mesmo diante da perda e do declínio físico, é possível encontrar momentos de alegria, conexão e realização. "O Método Kominsky" também aborda a importância de falar sobre a morte abertamente, corroborando para a desconstrução do tabu que muitas culturas impõem ao tema. Assim, a série promove uma reflexão sobre a mortalidade, concebendo-a como parte integrante da condição humana, incentivando o espectador a valorizar cada momento e a cultivar relacionamentos significativos enquanto houver tempo.

A série introduz o espetador em uma reflexão filosófica sobre a finitude humana, através dos diálogos que apresentam questionamentos relacionados à dignidade e à busca de um real significado na fase final de suas vidas. Os personagens discutem, entre outros assuntos, acerca do medo da morte, da perda de autonomia e do impacto emocional de perder entes queridos, temas universais que ressoam com o público de todas as idades. Além disso, a série destaca a importância ainda maior do apoio emocional, da amizade e do humor como aliados que permitem maior serenidade durante a etapa final da vida. Sandy e Norman, apesar de suas diferenças, oferecem um ao outro uma companhia que transcende a doença e a mortalidade, reforçando a ideia de que o contato humano e o amor são essenciais nesse processo.

"O Método Kominsky" é uma obra que, por meio de sua abordagem cínica e humorística, consegue explorar de forma sensível o fenômeno do morrer. A série nos convida a refletir sobre nossa relação com a mortalidade, a importância de viver com autenticidade e a dignidade na fase final da vida. Ao retratar personagens que enfrentam suas próprias finitudes, ela nos lembra que, apesar do medo e da dor, o morrer também é uma parte natural e, potencialmente, uma oportunidade de paz e compreensão. Assim, a obra contribui para uma visão mais humana e compassiva sobre o envelhecimento e o fim da vida, estimulando uma reflexão profunda sobre a vida e o que significa, realmente, morrer.

By Marcelo Franco

 

 

 

terça-feira, 1 de julho de 2025

A morte dos Ramones: O Último Acorde de uma Revolução Punk

 


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Os Ramones são considerados por muitos como uma verdadeira revolução no mundo do estilo punk rock, marcaram uma era e influenciaram gerações de músicos e fãs ao redor do mundo, assim como este que escreve esta matéria. Com seu som cru, energético, letras e acordes simples em músicas curtas, os Ramones consolidaram-se como uma das bandas mais icônicas da história do rock mundial, deixando um legado que transcende o tempo. Contudo, o destino reservou-lhes uma triste despedida, a morte de seus quatro integrantes originais ao longo dos anos, marcou o fim de uma era e ressaltou a importância de seu impacto na cultura musical.

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O vocalista Joey Ramone (1951-2001), que nasceu como “Jeffrey Ross Hyman”, foi uma das figuras mais emblemáticas do grupo. Sua voz distintiva, combinada com sua presença magra e tímida no palco, tornou-se uma marca registrada dos Ramones. Joey lutou durante anos contra problemas de saúde relacionados ao linfoma. Em 2000, ele foi diagnosticado com a doença, mas continuou a se apresentar até sua saúde se deteriorar, demonstrando assim seu espírito rock’n roll. Em 15 de abril de 2001, perdíamos o “frontman” dos Ramones, Joey faleceu devido às complicações do linfoma, aos 49 anos. Sua morte foi um golpe duro para a banda e fãs como eu, que viam nele uma figura de resistência e autenticidade na música mundial. A voz de Joey permanece como símbolo do espírito punk, e sua influência é sentida até hoje em bandas que são inspiradas no estilo punk rock.

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Dee Dee Ramone (1951-2002) foi o baixista e compositor principal de alguns dos maiores hits do grupo, como “Teenage Lobotomy”, “Commando”, “Pet Sematary”, “Rockaway Beach”, “53rd & 3rd”, entre outras tantas. Ele que viveu algum tempo de sua infância na Alemanha, nasceu com o nome batizado de Douglas Glen Colvin, tinha uma personalidade rebelde desde sua infância. Suas letras irreverentes ajudaram a definir o som e em muito a atitude dos Ramones. Dee Dee lutou contra o vício em drogas durante muitos anos, o que afetou sua saúde. Em 2002, infelizmente ele faleceu de overdose acidental de heroína, aos 50 anos, deixando um impacto permanente na história do punk rock. Sua morte foi uma perda irreparável para a banda e para a cena musical underground, mas vejo que seu espírito permanece vivo através de suas músicas e das importantes contribuições que deixou ao gênero das músicas de 2 minutos.

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Na guitarra dos Ramones, tínhamos “John William Cummings” ou, simplesmente, Johnny Ramone (1948-2004), um dos membros fundadores da banda. Conhecido por seu estilo de tocar rápido e agressivo, Johnny era também o mais disciplinado do grupo e uma figura de liderança. Sua morte, ocorrida em 15 de setembro de 2004, foi causada por complicações relacionadas ao câncer de próstata. Após uma luta de vários anos contra a doença, Johnny faleceu em sua casa, rodeado pela família e pessoas que amava. Sua morte foi um momento de grande tristeza para fãs e músicos, marcando o fim de uma era de ouro para os Ramones. Johnny deixou marcado um estilo de tocar com a guitarra na linha dos joelhos, que influenciou inúmeros guitarristas de punk e rock.


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Tommy Ramone nasceu em Budapeste, na Hungria, e foi batizado com o nome de “Thomas Erdelyi” (1949-2014), tendo sido o baterista original e produtor da banda. Apesar de não ter sido um membro oficial por muito tempo, sua contribuição foi fundamental para a formação do som característico dos Ramones. Tommy deixou a banda em 1978, após as gravações do álbum ao vivo “It’s Alive” de 1979, mas continuou atuando como produtor da banda e mentor de outros projetos musicais. Em 2014, infelizmente o baterista faleceu devido ao câncer de bile, aos 65 anos. Sua morte simbolizou o fim de uma era, mas seu papel na história do punk foi reconhecido e celebrado. Para mim foi um impacto imenso, pois me identificava demais com a maneira que Tommy tocava bateria e me inspiro nele até hoje.


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A morte desses quatro integrantes representou uma perda imensa para a cultura musical mundial, ressaltando a importância de seus legados. Os Ramones não apenas criaram um estilo musical inovador, mas também abriram caminho para novos movimentos e gêneros, influenciando uma infinidade de artistas ao longo das décadas. Apesar das mortes, a música dos Ramones permanece viva, principalmente em minha casa, onde sigo escutando e adquirindo LP’s, CD’s e fitas cassete da banda. A essência do punk rock se mantém viva e influenciando novas gerações. Assim, apesar de suas vidas físicas terem chegado ao fim, a obra dos Ramones segue inspirando e moldando a história da música popular. Através de seus novos e antigos fãs o legado da banda é divulgado e eternizado. Hey Ho Let’s Go!!!!

Marcelo Franco

sábado, 21 de junho de 2025

Contracultura: o Movimento Punk


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           Sempre quando se comenta sobre a palavra punk, geralmente se escutam vernáculos pejorativos sobre o tema, mas é necessário que se esclareça acerca da origem do movimento punk. O movimento punk nasceu concomitantemente no cenário musical da Inglaterra e E.U.A., essencialmente através de  bandas como Sex Pistols, Ramones, The Clash, Television entre outras.

Na época, uma estilista chamada Vivienne Westwood criou um estilo com peças de roupas que trouxe de Nova York, o visual incluía roupas rasgadas, alfinetes, rebites e até elementos de caráter erótico, elementos que foram utilizados para montar esta que seria uma nova tendência. Foi neste cenário que originou-se o grupo britânico Sex Pistols, que praticamente surgiu na loja de roupas chamada “SEX” onde a estilista produzia os modelos que seriam a nova tendência. Tudo isso combinado, somado ao desejo de expressão da cultura dos jovens da época, acabou por originar o movimento punk, que corroborou para a consolidação do contexto inusitado e original característico da época. A ânsia por expressão de originalidade literalmente dominou as cabeças, que passaram a exibir, inclusive, cabelos curtos e espetados como uma forma de protesto, em oposição aos longos cabelos do movimento hippie.


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O punk, especialmente na Inglaterra, foi fortemente influenciado pelos ideais do movimento situacionista, bem como por princípios anarquistas e socialistas. A maioria das bandas era composta por jovens de origens humildes, que enxergavam no sistema governamental uma fonte de injustiça e desilusão, o que alimentava o espírito de resistência e contestação.

                 Ao contrário do movimento hippie, o punk defendia a valorização da individualidade e da independência, a filosofia DIY, “do it yourself” ou “faça você mesmo” defendia a autonomia de músicos e fãs, afastando-se da dependência de grandes corporações. Essa ideologia impulsionou o surgimento de gravadoras independentes e a popularização dos fanzines, que conquistaram reconhecimento e respeito no cenário cultural. Com o tempo, o movimento DIY se expandiu também para os setores de moda e design, lembrando a estilista Vivienne Westwood, que deu o lendário ponta pé inicial em tudo isso. Tornou-se comum, na época, a produção artesanal de pôsteres, flyers e roupas feitas à mão, refletindo uma postura de criatividade e autenticidade.


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O punk nasceu e se mantem como uma expressão de resistência e protesto, distinguindo-se das formas tradicionais de manifestação artística ao estabelecer uma postura radicalmente contrária às definições convencionais de arte que o precederam. Tornou-se imperativo, à época, estabelecer uma definição clara e abrangente de cultura que pudesse servir como uma tradução adequada desse universo. Nesse contexto, a cultura punk não se limitou apenas a manifestações artísticas ou musicais, mas inaugurou um modo de viver, de pensar e de agir que desafiou as convenções estabelecidas, rejeitando as normas tradicionais de beleza, valor e autoridade. Incorporou uma postura contestadora, muitas vezes marcada pela irreverência, pela autenticidade e pela busca por espaços de expressão marginalizados. Para refletir este posicionamento, contemplou não apenas suas manifestações externas, mas também a valoração e internalização de seus princípios fundamentais, tais como os de resistência, autonomia e questionamento. Através de uma visão de mundo que valorizava a autenticidade, a liberdade individual e a contestação sistemática das estruturas de poder o punk impactou e transformou a realidade da época. Em síntese, é possível afirmar que a cultura punk emergiu como uma forma de comunicação que transcendeu a simples estética, tornando-se um símbolo de identidade, de luta e de transformação social, capaz de traduzir esse universo de protesto e resistência em uma narrativa cultural coerente e potente.

Marcelo Franco

domingo, 23 de março de 2025

Haicais em Cidreira


HAICAIS


VeJo senTido no Meu desaPreÇo,

Saudades No meU deSapeGo,

Apego nO meU reCoMeçO.


aManheCeu Em maiS Um diA.

Olhos CanSados aPós noiTe friA.

CheiRo do caFé - HarmoNiA.


Bukowski, Kerouac e Leminski.

Música, leituras e amarguras.

Bebidas, discos e livros.
Apreciar um momento
Tudo que sei em silêncio
Ruídos em movimento


Sol se esconde

Procuro por um maldito horizonte

Nuvens cinzentas respondem


MarCelo frAnco

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Esfinge



 

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O ontem de hoje segue sendo o amanhã de hoje.
De onde vem a esperança? Que nunca chega!
Para onde vão os pinguins no verão?
Gosto do solstício de inverno.
Para que serve o farol de avião?
Direita ou esquerda?
Porque empatia só vem antes de hipocrisia no dicionário?
Será que serei o mesmo de sempre?
A vida é um eterno mistério.

Marcelo Franco
OBS: sinônimo de Esfinge: segredo, mistério

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

De Coringa a John Wayne Gacy: das histórias em quadrinhos à realidade.


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Desde o início dos tempos, como se pode observar, o crime permeia nossa sociedade, e o criminoso, este ser tão intrigante, tem sido um elemento nada bem vindo em nosso convívio. Nas HQs não poderia ser diferente, os vilões de certa forma desenvolvem um papel importante. No caso do Coringa, esse personagem intrigante, assustador e sem piedade, acaba por outro lado conquistando muitos admiradores, pois sem ele as histórias do Batman não teriam sentido. Levando em consideração que a determinação do conceito de criminalidade provém de um paradigma social, podemos fazer um paralelo com as HQs, pois no mundo real os vilões não são bem vindos, enquanto nas HQs eles desenvolvem um papel importante no decorrer das histórias, nas quais sem eles os super-heróis não teriam nem ―emprego‖. Mas não podemos esquecer que, mesmo nesse papel fundamental das revistas, eles ainda são vilões e devem ser tratados como tal. O Coringa é o tipo clássico de psicopata, ele sabe o que faz, como faz e com quem faz suas atrocidades, cumprindo seus objetivos sempre das mais diversas formas possíveis, com requintes de crueldade, sadismo extremo ou pelo simples prazer proporcionado pelo ato de matar. É um indivíduo misterioso, pois ele só é visto pela sociedade quando comete seus crimes, parecendo só existir quando consuma seus delitos, impondo terror e medo.

No caso do personagem Coringa, ficam evidentes os traços de um psicopata. Na HQ Piada Mortal, o palhaço do crime, como também é conhecido, atira à queima-roupa em Barbara Gordon (filha do Comissário de Polícia James Gordon), e a bala atravessa a espinha dorsal e leva Barbara a ficar paraplégica. Arquitetando tudo isso, o vilão Coringa solta uma de suas pérolas: “ora francamente o caso não é tão grave assim.... claro que a possibilidade de ela voltar a andar é muito remota. Mas tudo pode ser resolvido com uma cadeira de rodas”. O pai de Bárbara, o comissário Gordon, assistia tudo à distância via vídeo conferência, ao mesmo tempo em que era espancado pelos capangas do vilão. É possível identificar a forma cruel e sem emoção durante a prática daquele ato, durante o qual o vilão não se coloca em momento algum no lugar do pai da vítima e muito menos como sendo a própria vítima. Esse tipo de indivíduo não tem sentimentos e, ao fingir os ter, torna-se um verdadeiro ator do mal, deixando um imenso rastro de destruição em vidas alheias.


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          Ainda nesta HQ, o Coringa deixa claros a sua frieza e o alto grau de crueldade. Com a frase ― “... como é bom ser loucoo!”, nesta sequência podemos ver o vilão mostrando fotos de Barbara Gordon despida, nas quais a vítima demonstra estar sentindo muitas dores. É possível depreender a partir das imagens as inúmeras torturas e abusos a que deve ter sido submetida pelo cruel Palhaço do Crime, que se divertia e sorria muito com a cena, inclusive ao ver o Comissário Gordon desesperado, diante das cenas de tortura que sua filha protagoniza, impostas pelo cruel bandido. Podemos trazer como ilustração uma história real, mostrando que os psicopatas não estão somente nos livros e nas histórias em quadrinhos, fazendo-se presentes no quotidiano entre nós de forma improvável, por vezes sem qualquer indício aparente do desvio de conduta. John Wayne Gacy Jr era um engenheiro que se vestia de palhaço nas horas vagas, animando de forma gratuita festas infantis. Um homem acima de qualquer suspeita, casado, uma filha, emprego fixo, filiado ao partido democrata norte-americano.


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           Tinha uma vida dupla, torturava jovens e os assassinava a sangue frio. Como esta, poderíamos listar várias outras histórias, onde o transtorno psicopático está presente. A psicopatia é considerada um transtorno onde indivíduo não sente empatia pelo outro, demonstra uma frieza sem igual e está disposto a conquistar o que ele quiser a qualquer custo, considera-se uma designição para o indivíduo portador de desordem de personalidade caracterizada em parte por comportamento antissocial recorrente, diminuindo a capacidade de empatia ou remorso e baixo controle comportamental.

          No mundo dos quadrinhos não é diferente: vários são os personagens que seguem essa linha entre a realidade e a fantasia de dominar até mesmo vida e morte, de forma mais ou menos aparente e perversa. Personagens de histórias em quadrinhos, como Caveira Vermelha, Magneto (Marvel Comics), Duas Caras e Lex Luthor (DC Comics) são clássicos psicopatas da arte sequencial que só pensam em questões como dominar o mundo, poder extremo e ter prazer em suas conquistas, mesmo que tenham que matar até mesmo aqueles que estão ao seu lado.

Marcelo Franco

 


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A presença inevitável da finitude

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Quando nascemos não percebemos que a morte se faz presente desde o primeiro momento de vida. Há um abstraimento da possibilidade do morrer. Esta separação de vida e morte é uma forma de negação do indivíduo, um engano, pois a vida e a morte chegam juntas e andam juntas. A morte é um momento natural, que faz parte do contexto de vida, e que nos acompanha desde que temos a vida, não há como separar esses dois fenômenos vida e morte.

As formas de se definir a finitude são muito amplas, dependem muito de cada indivíduo e suas vivências, costumes e regiões. Se formos procurar o significado de morte em um dicionário, vamos encontrar a seguinte definição: “uma cessação completa da vida, da existência de; óbito, falecimento”. (Aurélio on_line)  Entender esse fundamento não é fácil, pois, a princípio, quando se vê o nascimento de uma vida, se espera sempre que esse novo ser tenha uma longa vida. Segundo o senso comum presente nas sociedades, o ser humano deveria passar pelas seguintes fases: nascer, crescer, se reproduzir, envelhecer e a seguir morrer, simples. Entretanto, as dinâmicas da vida social fazem com que o ser humano se depare com situações nada “lógicas”, como a morte de jovens, crianças, situações difíceis de entender e aceitar.

As diversas representações da morte trazem várias indagações, oriundas dos diferentes contextos. Na perspectiva da pessoa profissional em psicologia ou aconselhamento, essas inquietações precisam ser respeitado por quem observa externamente, num primeiro momento, visando à compreensão das angústias, dos dilemas, dos argumentos, da visão de mundo, do imaginário religioso adjacente, visto que, nem sempre a pessoa profissional partilha dos mesmos fundamentos sociais desta interpretação. Fato é que independentemente do aspecto sócio- histórico-cultural envolvido, a representação da morte é ampla e frequente, havendo inclusive aspectos em comum observados ao longo dos tempos.

A morte de certa forma tem uma imagem desconhecida, pois não sabemos exatamente o que envolve este fenômeno, apenas temos a certeza que vamos vivenciar esse momento apenas uma vez, e que, para quem fica a vida continua. Por outro lado, quem vivencia em seu corpo a morte, se inicia em outro contexto, outro momento, outra forma de viver ou não viver. Na verdade é uma situação que, excetuando-se a questão religiosa ou da fé de cada um, permanece até hoje totalmente sem reposta para nós, vivos. Isso é o que torna este fenômeno fascinante, pois enquanto fenômeno, tais quais todos os demais diversos fenômenos da natureza, não temos domínio sobre ele - acontece quando tem que acontecer, escolhe o momento de se fazer presente.


Marcelo Franco

Método Kominsky: envelhecer é difícil, mas morrer é ainda pior

  "O Método Kominsky" é uma série de comédia dramática criada por Chuck Lorre, estrelada pelos atores Michael Douglas e Alan Arkin...