domingo, 21 de setembro de 2025

Linchamento e guilhotina virtuais, estamos vivendo apenas tempos bárbaros ou será o fim dos tempos?

 


Nos últimos anos, as redes sociais têm desempenhado um papel central na comunicação e na formação de opiniões públicas. Entretanto, esse fenômeno trouxe também uma crescente cultura de julgamento rápido e, muitas vezes, desproporcional. Uma das manifestações mais preocupantes desse comportamento é o chamado "linchamento virtual", quando indivíduos são massivamente condenados, muitas vezes sem provas concretas ou devido a informações incompletas. Essa prática revela uma enorme incoerência, pois, ao mesmo tempo em que as redes sociais parecem promover a liberdade de expressão, elas também alimentam uma cultura de julgamento sumário e intolerância OCEÂNICA.

Primeiramente, é importante destacar que os linchamentos virtuais, tanto pela dimensão que alcançam quanto pelo peculiar procedimento sumaríssimo, resultam de uma inconsistência na lógica de justiça e ética. Nas redes sociais, a velocidade com que as informações se disseminam faz com que muitas pessoas julguem sem uma compreensão ou mesmo informação completa acerca dos fatos. Comentários, memes e compartilhamentos são feitos com base em uma narrativa muitas vezes sensacionalista ou distorcida, levando a condenações públicas que podem destruir carreiras ou até mesmo vidas, sem um processo judicial adequado. Essa prática vai de encontro à garantia legal do contraditório, nega o princípio básico de que todos têm direito à presunção de inocência até que se prove o contrário. Assim, o linchamento digital não só viola esse princípio, como também evidencia uma falta de responsabilidade por parte de quem julga, agindo muitas vezes impulsivamente e sem reflexão, gerando uma verdadeira ignorância coletiva de efeitos muitas vezes irreversíveis. Não há direito de resposta ou mesmo indenização capaz de recompor reputação, honra, quanto mais a vida de alguém.


Outro aspecto que evidencia a inadequação desta prática decorre da falta de consciência acerca da vulnerabilidade a que todos que participam de redes sociais estão sujeitos. A imediata sensação de poder vinculada ao fácil ato de julgamento faz com que as pessoas se tornem julgadoras implacáveis, muitas vezes se esquecendo de sua própria vulnerabilidade e de que também podem cometer erros (atire a primeira pedra...). Nas redes sociais, a cultura do "cancelamento" se tornou comum, onde alguém que comete um erro é instantaneamente excluído do convívio social digital, marcado para sempre nos registros digitais mundiais como persona não grata. Essa postura revela uma contradição: enquanto as plataformas oferecem espaço para debates e opiniões, também criam um ambiente de intolerância e punição coletiva (estamos vivendo em tempos de juízes de internet). A velocidade do JULGAMENTO impede a reflexão e o entendimento, fomentando uma atmosfera de ódio e intolerância, muitas vezes motivada, ao fundo, por questões ideológicas, preconceitos ou simples desejo de vingança.

Outro aspecto ignorado por autores de linchamentos nas redes sociais é o relacionado à falta de consideração acerca da complexidade das situações humanas. Muitas vezes, uma pessoa é condenada por um comentário isolado ou uma ação mal interpretada, sem considerar o contexto, as motivações ou as possíveis mudanças que ela possa estar vivendo. A lógica do JULGAMENTO instantâneo desconsidera a possibilidade de evolução ou arrependimento, reforçando uma visão simplista e condenatória. Essa postura desumaniza o indivíduo, tratá-lo como um ALVO descartável, reforçando uma cultura de intolerância que é contrária aos princípios de empatia e compreensão necessárias para uma convivência social saudável.

Assim, uma plataforma que poderia ser ferramenta de aprofundamento de informações acaba se tornando uma verdadeira arena sedenta por atenção e impacto, na qual ondas de cancelamentos e exclusões se transformam em atração principal diariamente. Esse mecanismo retroalimenta o sistema fugaz de enriquecimento e manutenção das redes sociais, que custam, diariamente, horas de vida de cada membro, ainda que este não atue como “juiz”, mas apenas como espectador dos fatos.


Por fim, verifica-se que em relação ao mundo digital, dada a facilidade de expressão própria do meio, torna-se ainda mais importante refletir previamente sobre a finalidade do tempo de vida utilizado nas interações digitais e, mais ainda, sobre as ações e consequências destas interações, que podem resultar no linchamento virtual. Além de destruir reputações e vidas pessoais, essa prática contribui para o fortalecimento de uma sociedade mais polarizada, intolerante e DESUMANIZADORA. Ela revela uma incoerência profunda: por um lado, as redes sociais são usadas para promover a liberdade de expressão e o debate democrático; por outro, alimentam uma cultura de julgamento rápido e punição sumária e desumana. Para combater essa incoerência, é necessário promover uma cultura de responsabilidade, empatia e reflexão, incentivando as pessoas a pensarem antes de julgar e a entenderem que, por trás de cada opinião ou ação, há um ser humano com suas próprias histórias e possibilidades de mudança.

Em suma, os linchamentos nas redes sociais representam uma incoerência grave na forma como a sociedade utiliza essas plataformas. Eles revelam uma contradição entre os ideais de liberdade de expressão e a prática de condenar sem fundamentos, além de reforçar uma cultura de intolerância que precisa ser combatida e totalmente “EXTERMINADA” (sem nenhum trocadilho). Para construir uma SOCIEDADE MAIS JUSTA e respeitosa, é imprescindível repensar a nossa postura diante do julgamento digital, buscando sempre a compreensão, a empatia e o respeito pelo próximo. Estamos vivendo tempos de falta de amor, como diria o filósofo Friedrich Nietzsche “Aquilo que se faz por amor, está sempre acima do bem e do mal”.

by Marcelo Franco

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Linchamento e guilhotina virtuais, estamos vivendo apenas tempos bárbaros ou será o fim dos tempos?

  Nos últimos anos, as redes sociais têm desempenhado um papel central na comunicação e na formação de opiniões públicas. Entretanto, esse ...