sexta-feira, 9 de abril de 2021

Ensaio sobre o xadrez, resgatando o olhar do outro

 



Xadrez é um jogo de tabuleiro, e por sinal um dos mais antigos na história mundial. Jogo que teve origem na Índia, aproximadamente em 1945 tomou forma em suas regras, tal qual o conhecemos na atualidade. Com a finalidade de derrotar o rei adversário, muitas estratégias são elaboradas para se buscar a vitória, nunca esquecendo o respeito pelo adversário e às regras que envolvem esse jogo. O regramento do xadrez enaltece a importância de cada peça do tabuleiro, enquanto formador de uma equipe, uma vez que determina funções específicas para cada classe de figura.

            De que forma esse nobre jogo, apesar de complexo, pode ajudar no desenvolvimento intelectual de crianças, jovens, adultos e idosos? Bem, muitos estudos já foram feitos para comprovar os benefícios que o xadrez traz para o estímulo ao desenvolvimento cognitivo, entre muitos podemos citar: a imaginação, inteligência, criatividade, auto-estima, raciocínio rápido e preciso, além de pensamento lógico e abstrato. Mas o xadrez não para por aí, além dos benefícios para o desenvolvimento cognitivo, proporciona aos seus praticantes outro conjunto de vantagens, relacionado à tomada de decisões, na qual o indivíduo trabalha a capacidade de escolher uma melhor alternativa, sem apoio ou opinião externa, tendo a autonomia de escolha.

                        Freud afirma que, o xadrez é um jogo que consiste em relações progressivas de estratégias, segundo ele: só sabemos como inicia e como termina; o meio é diferente a cada jogo e as “jogadas” do analista vão depender da “jogada” do paciente. Além de trazer benefícios para a parte cognitiva, pode servir de ferramenta para terapeutas.

            O xadrez pode ainda de alguma forma desenvolver a empatia. Como é um jogo que exige disciplina por quem o pratica, o “ser” jogador de xadrez ou “enxadrista” como se chama quem joga xadrez, acaba internalizando principalmente o respeito pelo adversário, onde outras características se juntam nesse sistema de regras e o jogador precisa se enquadrar ao sistema, para poder usufruir os prazeres do pensar. Uma partida pode durar horas, o que exige concentração dos envolvidos, tanto de quem joga, quanto de quem assiste a uma partida.

Em nossa sociedade, questões éticas e morais deveriam estar sempre em primeiro lugar, mas infelizmente a abordagem quotidiana destes conceitos tornou-se rara atualmente. Neste contexto, além dos ganhos relacionados aos aspectos cognitivos que proporciona, o xadrez seria uma adequada alternativa na tentativa de resgatar o relacionamento interpessoal e o bem viver em sociedade, uma vez que se trata de um jogo de regras variadas e complexas, porém rígidas, tal qual a sociedade, e que ressalta a importância individual de cada membro, diante de suas atribuições únicas e distintas em relação aos demais.

É tempo de resgatar o olhar do outro, o conversar à moda antiga, marcar um encontro para uma partida de xadrez “on-line” que é a disponibilidade em tempos de pandemia, vivenciar um simples “bate-papo” com apenas uma pessoa, mas de forma verdadeira, resgatando o prazer de uma conversa natural, natural como desenrolar das jogadas de uma verdadeira partida de xadrez.

Marcelo Ávila Franco

*Garry kasparov

Maior enxadrista de todos os tempos 


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