O livro “Ser e tempo” realiza um estudo ontológico, direcionado por uma descrição existencial, onde basicamente a ideia se direciona ao homem como ser-no-mundo, onde o Dasein é esse ser no mundo, e sendo ser-no-mundo é temporal e histórico. Sendo assim, Heidegger, deixa explicito que a ontologia acabar por desvelar uma realização estrutural, onde aquilo que de certa forma possibilita muitas maneiras de um algo se tornar manifesto, mostrando tudo que pode ser percebido, sendo conhecido e entendido pelo homem.
O ser-no-mundo é uma forma fundamental do homem que se apresenta como unidade, “embora em sua unidade possa ser interpretado sob vários aspectos” (Heidegger, 1987/2009, p. 179). Heidegger nos mostra que, o “ser-aí” como um “ser-no-mundo” está junto dos outros e consigo mesmo, além de estar junto das coisas. Sendo assim, o existir do homem é compreendido como uma perspectiva totalmente significativa compreendia por si mesmo e do que se mostra a sua volta, ou seja, em seu mundo, que acaba orientada por seu projeto de se realizar, tomado por um enredo significativo.
Heidegger
de certa forma busca encontrar uma “fenomenologia fundamental”, e consegue
trazer o ser como uma abertura para possibilidades, para todas as coisas. Ele
questiona o ser como sendo um meio fundamental para a filosofia, e resgatá-la, o
porquê ela foi negligenciada durante muito tempo o fato de ser considerada
indefinível. Essas questões inspiraram Aristóteles e Platão e suas respectivas
investigações filosóficas, mas infelizmente de certa forma acabaram sendo
perdidas através dos tempos. Mas para Heidegger resgatar essa questão acaba por
trazer outra problemática, o de saber por onde começar a responder essa
questão. Pois o único lugar onde iniciamos a responder tal questão é dentro de
“nós mesmos”, e Heidegger apresenta o Dasein, que se constitui de “Da-“,
significando “ai”, e “sein”, que significa “ser”.
Podemos
perceber que Heidegger apresenta circunstâncias para se compreender a
existência do homem, tanto em condições de comportamento sadio ou mesmo em
patologias, de forma a possibilitar se enxergar formas de existências
concretas, direcionando possibilidades de atuações de futuros profissionais. Mas
o filósofo aponta que, os estudos não são suficientes, pois seria necessário ao
profissional ter a experiência para poder compreender as singularidades de cada
ser humano, que são apresentados em contextos clínicos.
Heidegger trouxe a nós a discussão do ser-no-mundo, assinalando a transcendência do Dasein, constituindo a estrutura da subjetividade de como somos e como vivemos. Ele fala ainda que, o homem deve estar em permanente vigília em relação aos fenômenos que se apresentam e que o afetam diretamente no transcorrer de sua cotidianidade. Não há homem sem Dasein, não a sujeito sem mundo.
Marcelo Franco
Bibliografia:
*CERBONE, David R. Fenomenologia. Tradução de Cesar Souza. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
*GILES, Thomas Ransom. História do existencialismo e da fenomenologia. São Paulo: EPU, 1989.
*HEIDEGGER,
Martin. Ser e Tempo. Trad. Márcia de Sá Cavalcante. 3ª Ed. Petrópolis RJ:
Vozes, 1989.
*Heidegger, M., & Boss, M. (Org.) (2009). Seminários de Zollikon. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, Referências Psicologia USP I www.scielo.br/pusp 258 Ida Elizabeth Cardinalli 258 SP: Universitária São Francisco. (Trabalho original publicado em 1987).
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Que é Metafísica. Tradução de Ernildo Estein. Abril cultural. São Paulo: 1973.
(os pensadores)
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