sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A importância do Dasein na obra de Martin Heidegger


      Martin Heidegger nasceu na Alemanha em 1889 na cidade de Messkirch, em sua educação estiveram presentes a filosofia, a cultura e a língua grega.  Dasein pode ser traduzido como “Da”, significando “”, e “sein”, significando “ser” e o lugar onde podemos começar a responder essa questão é em nós mesmos, onde esse “nós mesmos” se apresenta como “Dasein” em Heidegger. Em “Ser e Tempo”, Heidegger descreve o Dasein sempre como a relação com o próprio ser, onde as características são existenciais, é o ente mais importante para se compreender o sentido de todas as coisas. O “ser-no-mundo” proposto pelo Dasein se projeta em possibilidades de ser que constituem o próprio ser. A compreensão do Dasein se dá na medida em que é o único ente capaz de compreender a si mesmo, exercendo o seu existir. Heidegger ainda descreve o Dasein da seguinte maneira: “A presença não é apenas um ente que ocorre entre outros entes. Ao contrário, ela se distingue onticamente pelo privilégio de, em seu ser, isto é, sendo estar em jogo seu próprio ser”.

O livro “Ser e tempo” realiza um estudo ontológico, direcionado por uma descrição existencial, onde basicamente a ideia se direciona ao homem como ser-no-mundo, onde o Dasein é esse ser no mundo, e sendo ser-no-mundo é temporal e histórico. Sendo assim, Heidegger, deixa explicito que a ontologia acabar por desvelar uma realização estrutural, onde aquilo que de certa forma possibilita muitas maneiras de um algo se tornar manifesto, mostrando tudo que pode ser percebido, sendo conhecido e entendido pelo homem. 

O ser-no-mundo é uma forma fundamental do homem que se apresenta como unidade, “embora em sua unidade possa ser interpretado sob vários aspectos” (Heidegger, 1987/2009, p. 179). Heidegger nos mostra que, o “ser-aí” como um “ser-no-mundo” está junto dos outros e consigo mesmo, além de estar junto das coisas. Sendo assim, o existir do homem é compreendido como uma perspectiva totalmente significativa compreendia por si mesmo e do que se mostra a sua volta, ou seja, em seu mundo, que acaba orientada por seu projeto de se realizar, tomado por um enredo significativo.

Heidegger de certa forma busca encontrar uma “fenomenologia fundamental”, e consegue trazer o ser como uma abertura para possibilidades, para todas as coisas. Ele questiona o ser como sendo um meio fundamental para a filosofia, e resgatá-la, o porquê ela foi negligenciada durante muito tempo o fato de ser considerada indefinível. Essas questões inspiraram Aristóteles e Platão e suas respectivas investigações filosóficas, mas infelizmente de certa forma acabaram sendo perdidas através dos tempos. Mas para Heidegger resgatar essa questão acaba por trazer outra problemática, o de saber por onde começar a responder essa questão. Pois o único lugar onde iniciamos a responder tal questão é dentro de “nós mesmos”, e Heidegger apresenta o Dasein, que se constitui de “Da-“, significando “ai”, e “sein”, que significa “ser”.

Podemos perceber que Heidegger apresenta circunstâncias para se compreender a existência do homem, tanto em condições de comportamento sadio ou mesmo em patologias, de forma a possibilitar se enxergar formas de existências concretas, direcionando possibilidades de atuações de futuros profissionais. Mas o filósofo aponta que, os estudos não são suficientes, pois seria necessário ao profissional ter a experiência para poder compreender as singularidades de cada ser humano, que são apresentados em contextos clínicos.

Heidegger trouxe a nós a discussão do ser-no-mundo, assinalando a transcendência do Dasein, constituindo a estrutura da subjetividade de como somos e como vivemos. Ele fala ainda que, o homem deve estar em permanente vigília em relação aos fenômenos que se apresentam e que o afetam diretamente no transcorrer de sua cotidianidade. Não há homem sem Dasein, não a sujeito sem mundo.


Marcelo Franco

Bibliografia:

*CERBONE, David R. Fenomenologia. Tradução de Cesar Souza. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

 *GILES, Thomas Ransom. História do existencialismo e da fenomenologia. São Paulo: EPU, 1989.

*HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Trad. Márcia de Sá Cavalcante. 3ª Ed. Petrópolis RJ: Vozes, 1989.

*Heidegger, M., & Boss, M. (Org.) (2009). Seminários de Zollikon. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, Referências Psicologia USP I www.scielo.br/pusp 258 Ida Elizabeth Cardinalli 258 SP: Universitária São Francisco. (Trabalho original publicado em 1987).

            _________________. Que é Metafísica. Tradução de Ernildo Estein. Abril cultural. São Paulo: 1973. (os pensadores)



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