terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Simbologia da morte, o homem e sua visão da finitude

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Ao longo dos tempos as representações da morte e ao redor do mundo são inúmeras, a imagem da caveira de certa forma se configurou em um símbolo da morte, cuja associação é praticamente instantânea e universal. Podemos melhor entender e dimensionar a relevância das representações no contexto social ao constatarmos que uma mesma imagem ou figura origina distintos significados subjetivos, tendo em vista as diversidades sociais e culturais nas quais estamos inseridos. 

As várias resistências que emergem instantaneamente (quase como um reflexo) diante de um símbolo associado à morte traduzem e mantém o fenômeno como um tabu, estando embasadas no mitológico, no religioso, no simbólico, no abstrato, sinteticamente, na questão subjetiva do ser humano. As representações da morte durante muito tempo se mantêm consolidadas por questões espirituais, religiosas e místicas, através da defesa inconteste que visa a manutenção de preceitos e rituais que enaltecem e perpetuam a simbologia. Mas além destes aspectos, a representação da morte se fez presente com o passar dos anos também através da expressão artística, podendo sua manifestação ser observada em alegorias, construções, obras de arte, etc. Atualmente podemos notar que a expressão da morte permeia nosso cotidiano e encontra-se visível através de vários tipos de representações, manifestamente observáveis em diversas áreas. Até hoje ainda podemos apontar que, a sociedade conseguiu assimilar o propósito do viver, mas ainda tem dificuldades de entender o morrer. De certo modo, ainda interpretamos a morte como uma afronta a vida, algo contraditório a vida, um não viver. Mas por incrível que pareça, a morte tem seu significado positivo, pois ela vai se fazer presente para acabar com a dor do ser, do moribundo, do paciente terminal, a dor que a própria ciência não controla mais.

 Discutir sobre as representações da morte vai nos trazer várias indagações, pois dependendo do local ou região, a representação poderá traduzir-se em um ou outro tipo de significado, e isso deve ser respeitado por quem observa externamente, uma vez que não partilham necessariamente dos mesmos fundamentos sociais desta interpretação exposta. A diversificação e a possibilidade de enxergarmos a morte de maneiras múltiplas nos mostram que a morte não é um tema fácil de ser abordado e discutido. Pode-se até mesmo indagar o gênero do substantivo: seria morte uma palavra (no caso substantivo) com denotação de gênero masculina ou feminina? Esta é uma resposta que vai depender da representação que ela traz individualmente para cada pessoa e da cultura que ela está inserida. No caso adotaremos o tratamento feminino do termo, predominante em nossa sociedade. Fato é que independentemente do aspecto sócio-histórico-cultural envolvido, a representação da morte é ampla e frequente, havendo inclusive aspectos em comum observados ao longo dos tempos.


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Assim como predominante a sua denotação feminina, podemos também afirmar como característica praticamente universal o fato de a morte manter-se atrelada a um ritual, seja qual for o tempo ou espaço. Verificada a ocorrência do fenômeno, invariavelmente tem início um rito que envolve tanto a pessoa que está morrendo quanto parentes e amigos próximos (às vezes até desconhecidos). Podemos dizer que, a morte é uma verdadeira cerimônia pública e organizada, onde o próprio individuou que morreu organiza indiretamente de certa maneira esse ritual, que ainda persiste em ser um tabu até os dias de hoje.

Como percebe-se, apesar de não poder ser definida através de uma simbologia única e universal, a morte encontra-se representada por meio de distintas formas de manifestações sociais, artísticas e culturais. Encontramos a sua representação presente em edificações, ruas, filmes, teatros, cinemas, músicas, livros, esculturas, pinturas e até mesmo em histórias em quadrinhos.

Marcelo Franco



Imagem 1: https://br.pinterest.com/pin/3237030976072671/
Imagem 2: https://br.pinterest.com/pin/59039445098133443/  Desenho de Pawel Kuczynski

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