Nos
últimos anos, as redes sociais têm desempenhado um papel central
na comunicação e na formação de opiniões públicas. Entretanto, esse fenômeno
trouxe também uma crescente cultura de julgamento rápido e, muitas vezes,
desproporcional. Uma das manifestações mais preocupantes desse comportamento é
o chamado "linchamento virtual", quando indivíduos são
massivamente condenados, muitas vezes sem provas concretas ou devido a
informações incompletas. Essa prática revela uma enorme incoerência, pois, ao
mesmo tempo em que as redes sociais parecem promover a liberdade de expressão,
elas também alimentam uma cultura de julgamento sumário e intolerância OCEÂNICA.
Primeiramente,
é importante destacar que os linchamentos virtuais, tanto pela dimensão que
alcançam quanto pelo peculiar procedimento sumaríssimo, resultam de uma inconsistência
na lógica de justiça e ética. Nas redes sociais, a velocidade com que as
informações se disseminam faz com que muitas pessoas julguem sem uma
compreensão ou mesmo informação completa acerca dos fatos. Comentários, memes e
compartilhamentos são feitos com base em uma narrativa muitas vezes
sensacionalista ou distorcida, levando a condenações públicas que podem
destruir carreiras ou até mesmo vidas, sem um processo judicial adequado. Essa
prática vai de encontro à garantia legal do contraditório, nega o princípio
básico de que todos têm direito à presunção de inocência até que se prove o
contrário. Assim, o linchamento digital não só viola esse
princípio, como também evidencia uma falta de responsabilidade por parte de
quem julga, agindo muitas vezes impulsivamente e sem reflexão, gerando uma
verdadeira ignorância coletiva de efeitos muitas vezes irreversíveis. Não há
direito de resposta ou mesmo indenização capaz de recompor reputação, honra,
quanto mais a vida de alguém.
Outro
aspecto que evidencia a inadequação desta prática decorre da falta de
consciência acerca da vulnerabilidade a que todos que participam de redes sociais
estão sujeitos. A imediata sensação de poder vinculada ao fácil ato de julgamento
faz com que as pessoas se tornem julgadoras implacáveis, muitas vezes se
esquecendo de sua própria vulnerabilidade e de que também podem cometer erros
(atire a primeira pedra...). Nas redes sociais, a cultura do "cancelamento"
se tornou comum, onde alguém que comete um erro é instantaneamente excluído do
convívio social digital, marcado para sempre nos registros digitais mundiais como
persona não grata. Essa postura revela uma contradição: enquanto as
plataformas oferecem espaço para debates e opiniões, também criam um ambiente
de intolerância e punição coletiva (estamos vivendo em tempos de juízes de
internet). A velocidade do JULGAMENTO impede a reflexão e o
entendimento, fomentando uma atmosfera de ódio e intolerância, muitas vezes
motivada, ao fundo, por questões ideológicas, preconceitos ou simples desejo de
vingança.
Outro
aspecto ignorado por autores de linchamentos nas redes sociais é o relacionado à
falta de consideração acerca da complexidade das situações humanas. Muitas
vezes, uma pessoa é condenada por um comentário isolado ou uma
ação mal interpretada, sem considerar o contexto, as motivações ou as possíveis
mudanças que ela possa estar vivendo. A lógica do JULGAMENTO
instantâneo desconsidera a possibilidade de evolução ou arrependimento,
reforçando uma visão simplista e condenatória. Essa postura desumaniza o
indivíduo, tratá-lo como um ALVO descartável, reforçando uma cultura de
intolerância que é contrária aos princípios de empatia e compreensão
necessárias para uma convivência social saudável.
Assim,
uma plataforma que poderia ser ferramenta de aprofundamento de informações
acaba se tornando uma verdadeira arena sedenta por atenção e impacto, na qual ondas
de cancelamentos e exclusões se transformam em atração principal diariamente.
Esse mecanismo retroalimenta o sistema fugaz de enriquecimento e manutenção das
redes sociais, que custam, diariamente, horas de vida de cada membro, ainda que
este não atue como “juiz”, mas apenas como espectador dos fatos.
Por
fim, verifica-se que em relação ao mundo digital, dada a facilidade de
expressão própria do meio, torna-se ainda mais importante refletir previamente sobre
a finalidade do tempo de vida utilizado nas interações digitais e, mais ainda,
sobre as ações e consequências destas interações, que podem resultar no
linchamento virtual. Além de destruir reputações e vidas pessoais, essa prática
contribui para o fortalecimento de uma sociedade mais polarizada, intolerante e
DESUMANIZADORA. Ela revela uma incoerência profunda: por um lado, as
redes sociais são usadas para promover a liberdade de expressão e o debate
democrático; por outro, alimentam uma cultura de julgamento rápido e punição
sumária e desumana. Para combater essa incoerência, é necessário promover uma
cultura de responsabilidade, empatia e reflexão, incentivando as pessoas a
pensarem antes de julgar e a entenderem que, por trás de cada opinião ou ação,
há um ser humano com suas próprias histórias e possibilidades de mudança.
Em
suma, os linchamentos nas redes sociais representam uma incoerência grave na
forma como a sociedade utiliza essas plataformas. Eles revelam uma contradição
entre os ideais de liberdade de expressão e a prática de condenar sem
fundamentos, além de reforçar uma cultura de intolerância que precisa ser
combatida e totalmente “EXTERMINADA” (sem nenhum trocadilho). Para
construir uma SOCIEDADE MAIS JUSTA e respeitosa, é imprescindível
repensar a nossa postura diante do julgamento digital, buscando sempre a
compreensão, a empatia e o respeito pelo próximo. Estamos vivendo tempos de
falta de amor, como diria o filósofo Friedrich Nietzsche “Aquilo que se faz
por amor, está sempre acima do bem e do mal”.
by Marcelo Franco