quinta-feira, 11 de junho de 2020

Do inferno para a terra: Lucifer Morningstar

                                                      


                                                        


“No princípio... O anjo Lúcifer foi expulso do céu. E condenado a governar o inferno para sempre. Até que ele decidiu tirar férias.”

E assim começa a narrativa da série Lúcifer em Los Angeles em 2016 D.C. Das HQs para as telas, a série Lúcifer chegou conquistando inúmeros fãs.

Logo no início da primeira temporada, já se pode ter uma ideia do que o seriado vai nos oferecer em termos de entretenimento. A primeira cena é de uma policial abordando o diabo, e nesse momento Lúcifer usa seus poderes e suborna o policial, aonde durante toda série ele busca nos desejos dos humanos as suas fraquezas, e assim consegue provar que, as pessoas tem pensamentos diferentes para não dizermos pecaminosos.

Lúcifer é um tipo clássico de narcisista, onde coloca sempre a busca de imagens artificiais, ignorando a essência e a profundidade dos sentimentos.  O personagem se caracteriza por peculiaridades, onde faz uso dos outros para assim gratificar suas necessidades pessoais e egocêntricas, e após descarta as pessoas por não terem mais nenhuma utilidade a ele. Seguindo nesta linha, é possível constatar que, podemos delinear um paralelo entre o comportamento do personagem e o transtorno de personalidade narcisista. Constatando nas atitudes do personagem, um comportamento que podemos encontrar em nossa sociedade e que, na maioria das vezes é negada por quem demonstra esse tipo de comportamento.

Lúcifer Morningstar gosta de falar de si mesmo, ressalta sempre suas qualidades, contando vantagens nas situações que acontecem em seu cotidiano na terra, não se importando com o sofrimento que causa nas pessoas e chegando até humilhar os outros para se sentir melhor. O transtorno de personalidade narcisista, que explora as relações interpessoais, e que é mais comum nos homens, trás os seguintes sintomas em seu comportamento: a incapacidade de lidar com críticas, o desrespeito pelos sentimentos alheios, à necessidade de se sentir admirado, se achar grandioso e desprezar as outras pessoas. Além disso, os indivíduos que tem esse tipo de transtorno se tornam arrogantes e acreditam serem especiais, o que para nosso personagem da série Lúcifer que também é conhecido como, “estrela da amanhã”, “filho da alva”, "o que brilha", "o que trás a luz", ou simplesmente o tradicional Diabo ou Satanás como é conhecido por muitos. Sendo assim, se verifica que, o principal protagonista da série demonstra um comportamento clássico narcisista.

Sigmund Freud, pai da psicanálise, introduziu o termo no discurso psicanalítico para fazer referência à escolha sexual dos invertidos, como eram chamados os homossexuais na época. Freud acrescenta, que as investidas libidinais poderiam ser direcionados ao próprio ego ou a objetos, e assim constatamos em nosso personagem (Lúcifer) que passa a maior parte de seu tempo na série televisiva, realizando festas regadas com muita bebida, mulheres e tudo que envolva luxuria e pecados que direcionam um imenso desejo e culto ao corpo. Além disso, o anjo caído é dono de uma casa noturna na cidade de Los Angeles, que como dono e pianista passa seus dias tocando sucessos de Jazz.  

Mas a série trás uma temática interessante, onde Lúcifer passa por momentos difíceis e conflitos pessoais, tendo que procurar uma terapeuta para poder entender o que está acontecendo com seus sentimentos. E meio a tudo isso, o protagonista ajuda a bela detetive (Chloe Deker), a desvendar crimes que acontecem na cidade de Los Angeles, e assim a série se desenrola de forma a fazer o diabo entrar em crise de existência, por não entender muitas vezes o comportamento dos humanos. Mas um ponto crucial no enredo, é que ele não nunca mente e sempre fala a verdade, e apenas usa o desejo mais obscuro dos seres humanos para poder assim condená-los. Ah sim, e ele adoro ver o circo pegar fogo, fica claro eu seu comportamento. E você, tem algum desejo? Esconda-o, pois o diabo está na terra.

 

Marcelo Ávila Franco 

 

Bibliografia:

FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. IN;___. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas. 1. Ed. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. p.85 – 119.

 


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