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Os anos 80 representam um marco para a música, trata-se da
década que revelou grandes bandas no Brasil e no Rio Grande do Sul. Aqui pelas
bandas dos pampas, uma dessas bandas se destacou por sua irreverência,
criatividade, polêmicas, radicalidade, transgressões e por se mostrar uma além
do seu tempo, trata-se da banda DeFalla. Biba Meira (bateria), Carlo Pianta
(baixo) e Edu K (vocais e guitarra) formaram o De Falla e participaram da
coletânea “Rock Grande do Sul” - diga-se de passagem, este disco é uma
verdadeira raridade em termos de música dos anos 80. Pouco antes do primeiro LP
da banda, Carlo Pianta deixou o grupo, ingressando em seu lugar Flávio Santos.
Nesta época houve também a entrada de Castor Daudt (guitarra),
consolidando assim a formação clássica do DeFalla. Com esta formação eles
gravaram dois Lps: Papaparty (1987) e It’s Fuckin’to Borin’
to Death (1988), álbuns que traziam uma sonoridade diferente para a
época, ambos gravados pelo selo Plug.
Com um estilo totalmente eclético e confrontador, o DeFalla foi ganhando espaço e reconhecimento no cenário gaúcho e nacional. Usando de muita maquiagem e produção, a banda foi deixando sua marca pela imagem e a música, muitas vezes chamada de experimental e esquisita. Quanto à imagem, o visual arrojado do De Falla era sempre uma surpresa a cada show, sendo sempre uma incógnita o figurino a cada apresentação. Ressalte-se aqui o visual do vocalista Edu K, que se vestia de maneira muitas vezes andrógina, confrontando e provocando a sociedade conservadora da época, algo que pode ser visto atualmente como uma postura além do seu tempo (isso para os não preconceituosos). Acerca da música, uma das marcas do grupo foi a inovação na sonoridade da banda a cada novo disco lançado, indo do funk ao metal, entre tantos experimentos. Outra curiosidade que o grupo apresentou foi tocar com duas baterias ao vivo (algo bem legal), show que não tive a oportunidade de ver.
Aliás, quanto ao que pude presenciar da banda, relato sucintamente a minha experiência no ano de 1992, quando fui ver uma apresentação da banda no espaço do antigo auditório Araújo Viana, no lançamento do álbum Kingzobullshitbackinfulleffect92. Havia toda a expectativa de assistir uma performance de guitarra, baixo e bateria, e então o DeFalla aparece fazendo uma mistura de funk metal com bateria eletrônica. Desnecessário dizer que diante do impacto, simplesmente meu pensamento imediato foi de questionar sobre onde estavam os caras e a banda que eu esperava ver se apresentar. Minha limitação de entendimento na época apenas me deixou irritado e muito indignado, chegando a dizer que nunca mais perderia meu tempo com essa banda de shit. Mas o De Falla era isso, muitas vezes lançava um álbum e nas apresentações tocava músicas inéditas, um tipo de provocação, ao meu ver, ou uma maneira simples de dizer que estavam tocando o que queriam tocar e se divertindo. Afinal, isso foi o De Falla nos anos 80.
Hoje o DeFalla, ainda na ativa, conta com oito álbuns de estúdio, dois ao vivo, duas coletâneas, duas fitas demos (raríssimas), que registram sua carreira consolidada no cenário gaúcho e nacional. E assim como diz a letra “Acabou-se o transtorno/Uma grande intervenção/Ontem o que era/ Hoje ainda não”, “Sobre amanhã/Ainda nem pensei/Sobre amanhã/Ainda nem pensei”, sobre o Defalla de amanhã não sabemos.
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