.
*Capa do livro "Morte" de Neil Gaiman
As
histórias em quadrinhos tem sua origem no fim do século XIX, um tipo de produto
que possui uma linguagem própria, e acaba por se estender em diversos países.
Um tipo de produto midiático que teve seu início de publicação em jornais
periódicos com um teor humorístico, e estendeu sua expressão à vários países. Mas
foi no século XX que as chamadas HQs começaram a sofrer adaptações e teve
ampliada seus segmentos de temas que eram abordados em suas páginas.
A
HQ “Morte”, de Neil Gaiman trás em sua temática um caráter mais literário, algo
que distancia o público infantil, e acaba por conquistar o leitor adulto, que
de certa maneira é mais exigente e criterioso. Além disso, as graphic novels que
apresentam seus personagens retratados em quadrinhos, quase sempre atraem mais
os adultos, devido suas temáticas romanticas serem mais complexas e apresentar
centenas de páginas. As graphic novels geralmente são comercializadas em
livrarias, apresentando um material mais trabalhado e luxuoso, o que acaba por
elevar mais o seu custo.
Nesta história em quadrinho Neil Gaiman aborda uma temática mais obscura e fascinante ao mesmo tempo, pois mexe com um fenômeno que ainda é rodeado de incertezas e especulações, na verdade a única certeza desta experiência é de que um dia todos vamos passar por ela um dia.
O universo de Neil Gaiman se destaca entre as demais histórias em quadrinhos tradicionais, seu estilo de narrativas traz um conteúdo mais filosófico e poético, nos proporcionando uma leitura mais requintada e ao mesmo tempo profunda em termos de crítica literária. Na edição encadernada “Morte Edição Definitiva” ele reúne histórias que abordam temas atuais, assuntos que nos rodeiam durante nosso dia, e dando ênfase a uma personagem que mesmo tendo uma a simbologia do fim da vida no imaginário cotidiano, aparece de forma carismática e humanizada.
“(...) Eu não queria uma Morte que sofresse pelo seu papel, ou tivesse um prazer mórbido com seu trabalho, ou que não se importasse. Queria uma morte que eu fosse gostar de encontrar, no fim. Alguém que se importasse. Como ela.” (GAIMAN, 2014, p. 264).
Neil Gaiman é um famoso ficcionista britânico, nascido
em 1960 que vive desde 1992 nos Estados Unidos. Como ele mesmo fala, foi
influenciado desde muito cedo por autores como Edgar Allan Poe, C. S. Lewis, G.
K. Chesterton, entre outros escritores. Trabalhando como jornalista que
descobriu sua vocação para escritor, entre suas obras mais aclamadas estão: Lugar Nenhum, Mitologia Nórdica, Coraline, O
Oceano no fim do Caminho, Good Omens (Belas Maldições), o Livro do Cemitério e
The Absolute Sandman.
Os temas que Gaiman aborda em suas histórias incluem
conceitos de valorização da vida, até o recomeço das mesmas. Vivemos em uma
sociedade que banaliza a morte, pois ela se faz presente predominantemente de
forma violenta em todas as instâncias de nosso cotidiano, sendo reforçada por
uma mídia mal intencionada que sobrevive da audiência decorrente de notícias
impactantes, mesmo que mórbidas e/ou
violentas e que acaba incentivando todo esse comportamento nefasto de forma
subliminar. A história em termos gerais faz refletir a respeito do que é a
vida, conduzindo à conclusão de que todos os atos que tomamos têm um
significado e responsabilidade no universo em que estamos inseridos e que todas
as vidas são importantes, indiferentemente do modo de viver, classe social ou gênero. E negar isso é ir contra a própria existência do ser
humano em sociedade.
Marcelo Franco
* GAIMAN, Neil. Morte
Edição Definitiva. São Paulo: Panini Books, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário