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Seria possível viver nos dias atuais sendo desapegado das coisas
materiais? Em um mundo onde o falso se torna algo brilhante e a
mentira dita algumas vezes já se torna realidade, acredito que seja difícil.
Quando se fala em valores, geralmente as pessoas falam em caráter, justiça,
ética, empatia, honestidade, honra, responsabilidade, respeito, solidariedade, etc.
São tantas palavras que a lista com certeza é extensa, mas me pergunto: Por que
quando vamos para a prática tudo muda? Como as pessoas realmente agem? De que
forma efetivamente as situações acontecem? Bom, aí é que o ser humano realmente
aparece ou, como diria o filósofo, “é aí que a máscara cai ou desaba”, como
queiram enxergar.
Esse pensamento me faz lembrar do grande pensador grego Diógenes,
o Cínico, um filósofo que viveu de forma realmente desapegado das coisas materiais.
Um homem que entendeu o real valor do desapego, provando que é possível, sim,
viver desapegado das coisas materiais e ser feliz. Entender o real valor das
coisas é primordial para poder viver bem, reconhecendo a importância de pequenos
momentos como um pôr do sol.
Entendo que hoje você precisa de algo chamado dinheiro para poder
comer, se locomover, ter uma moradia ou mesmo se divertir, mas atualmente as
pessoas estão superestimando necessidades básicas, tornando quase infinita a
busca material para considerarem a vida bem vivida. A vida se tornou um
comércio que não cobre seus próprios custos, hoje vivemos interligados pelas redes
sociais mas separados por uma tela de computador ou telefone. Uma realidade que
demonstra como perdemos a noção do que seriam reais bons momentos. Creio que
neste cenário fictício, nesta visão fora do universo real, falar (ou escrever)
um pouco sobre filosofia não vai adiantar muita coisa.
Voltando para a história, agora até me perdi, já não consigo
distinguir se estou falando de história ou filosofia, mas, enfim, tanto faz,
vamos lá. Para lembrar um pouco do que provou Diógenes, o Cínico, certa vez
Diógenes encontrou Alexandre, o Grande (aquele que não precisa de apresentações,
é claro, pois foi o grande rei da Macedônia). Neste encontro, Alexandre elogia
a forma como Diógenes vive desapegado das coisas, e diz: “há alguma coisa que
posso realizar para você?” E Diógenes responde “devolva o meu Sol” pois
Alexandre estava tapando o Sol que o Cínico estava recebendo. Este célere
recorte prova, mais uma vez, que as coisas boas da vida não se compram. Após
isso, Alexandre, o Grande, disse: se eu não fosse Alexandre, o Grande, eu
adoraria ser o Diógenes, o Cínico, e Diógenes esponde: se eu não fosse Diógenes,
o Cínico, gostaria de ser Diógenes, o Cínico, é claro kkkk. Afinal, Diógenes
tratava a todos de forma igual, sem diferenciações.
Para Diógenes, o homem vive preso às amarras da vida cotidiana,
vivendo como um escravo de uma sociedade que ele mesmo produz. Diógenes tratava
as pessoas sempre da mesma maneira, sem dar valor ao que elas possuíam, e sim ao
que elas eram, de fato. Certa feita, Diógenes estava em meio a uma pilha de
ossos humanos e Alexandre, o Grande, observando aquilo perguntou a Diógenes o
que ele fazia ali. Foi quando o Cínico respondeu: “estou procurando os ossos de
seu pai, mas não consigo os diferenciar dos ossos de seus escravos”. Diógenes nos prova que somos todos iguais e
não existe ninguém superior ou com superpoderes, e que precisamos enxergar o
real valor das coisas e não as coisas.
Marcelo Franco
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