sexta-feira, 23 de agosto de 2024

A sociedade e o valor das coisas

     

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Seria possível viver nos dias atuais sendo desapegado das coisas materiais? Em um mundo onde o falso se torna algo brilhante e a mentira dita algumas vezes já se torna realidade, acredito que seja difícil. Quando se fala em valores, geralmente as pessoas falam em caráter, justiça, ética, empatia, honestidade, honra, responsabilidade, respeito, solidariedade, etc. São tantas palavras que a lista com certeza é extensa, mas me pergunto: Por que quando vamos para a prática tudo muda? Como as pessoas realmente agem? De que forma efetivamente as situações acontecem? Bom, aí é que o ser humano realmente aparece ou, como diria o filósofo, “é aí que a máscara cai ou desaba”, como queiram enxergar.

Esse pensamento me faz lembrar do grande pensador grego Diógenes, o Cínico, um filósofo que viveu de forma realmente desapegado das coisas materiais. Um homem que entendeu o real valor do desapego, provando que é possível, sim, viver desapegado das coisas materiais e ser feliz. Entender o real valor das coisas é primordial para poder viver bem, reconhecendo a importância de pequenos momentos como um pôr do sol.

Entendo que hoje você precisa de algo chamado dinheiro para poder comer, se locomover, ter uma moradia ou mesmo se divertir, mas atualmente as pessoas estão superestimando necessidades básicas, tornando quase infinita a busca material para considerarem a vida bem vivida. A vida se tornou um comércio que não cobre seus próprios custos, hoje vivemos interligados pelas redes sociais mas separados por uma tela de computador ou telefone. Uma realidade que demonstra como perdemos a noção do que seriam reais bons momentos. Creio que neste cenário fictício, nesta visão fora do universo real, falar (ou escrever) um pouco sobre filosofia não vai adiantar muita coisa.

Voltando para a história, agora até me perdi, já não consigo distinguir se estou falando de história ou filosofia, mas, enfim, tanto faz, vamos lá. Para lembrar um pouco do que provou Diógenes, o Cínico, certa vez Diógenes encontrou Alexandre, o Grande (aquele que não precisa de apresentações, é claro, pois foi o grande rei da Macedônia). Neste encontro, Alexandre elogia a forma como Diógenes vive desapegado das coisas, e diz: “há alguma coisa que posso realizar para você?” E Diógenes responde “devolva o meu Sol” pois Alexandre estava tapando o Sol que o Cínico estava recebendo. Este célere recorte prova, mais uma vez, que as coisas boas da vida não se compram. Após isso, Alexandre, o Grande, disse: se eu não fosse Alexandre, o Grande, eu adoraria ser o Diógenes, o Cínico, e Diógenes esponde: se eu não fosse Diógenes, o Cínico, gostaria de ser Diógenes, o Cínico, é claro kkkk. Afinal, Diógenes tratava a todos de forma igual, sem diferenciações.

Para Diógenes, o homem vive preso às amarras da vida cotidiana, vivendo como um escravo de uma sociedade que ele mesmo produz. Diógenes tratava as pessoas sempre da mesma maneira, sem dar valor ao que elas possuíam, e sim ao que elas eram, de fato. Certa feita, Diógenes estava em meio a uma pilha de ossos humanos e Alexandre, o Grande, observando aquilo perguntou a Diógenes o que ele fazia ali. Foi quando o Cínico respondeu: “estou procurando os ossos de seu pai, mas não consigo os diferenciar dos ossos de seus escravos”.  Diógenes nos prova que somos todos iguais e não existe ninguém superior ou com superpoderes, e que precisamos enxergar o real valor das coisas e não as coisas.

Marcelo Franco

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