segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A presença inevitável da finitude

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Quando nascemos não percebemos que a morte se faz presente desde o primeiro momento de vida. Há um abstraimento da possibilidade do morrer. Esta separação de vida e morte é uma forma de negação do indivíduo, um engano, pois a vida e a morte chegam juntas e andam juntas. A morte é um momento natural, que faz parte do contexto de vida, e que nos acompanha desde que temos a vida, não há como separar esses dois fenômenos vida e morte.

As formas de se definir a finitude são muito amplas, dependem muito de cada indivíduo e suas vivências, costumes e regiões. Se formos procurar o significado de morte em um dicionário, vamos encontrar a seguinte definição: “uma cessação completa da vida, da existência de; óbito, falecimento”. (Aurélio on_line)  Entender esse fundamento não é fácil, pois, a princípio, quando se vê o nascimento de uma vida, se espera sempre que esse novo ser tenha uma longa vida. Segundo o senso comum presente nas sociedades, o ser humano deveria passar pelas seguintes fases: nascer, crescer, se reproduzir, envelhecer e a seguir morrer, simples. Entretanto, as dinâmicas da vida social fazem com que o ser humano se depare com situações nada “lógicas”, como a morte de jovens, crianças, situações difíceis de entender e aceitar.

As diversas representações da morte trazem várias indagações, oriundas dos diferentes contextos. Na perspectiva da pessoa profissional em psicologia ou aconselhamento, essas inquietações precisam ser respeitado por quem observa externamente, num primeiro momento, visando à compreensão das angústias, dos dilemas, dos argumentos, da visão de mundo, do imaginário religioso adjacente, visto que, nem sempre a pessoa profissional partilha dos mesmos fundamentos sociais desta interpretação. Fato é que independentemente do aspecto sócio- histórico-cultural envolvido, a representação da morte é ampla e frequente, havendo inclusive aspectos em comum observados ao longo dos tempos.

A morte de certa forma tem uma imagem desconhecida, pois não sabemos exatamente o que envolve este fenômeno, apenas temos a certeza que vamos vivenciar esse momento apenas uma vez, e que, para quem fica a vida continua. Por outro lado, quem vivencia em seu corpo a morte, se inicia em outro contexto, outro momento, outra forma de viver ou não viver. Na verdade é uma situação que, excetuando-se a questão religiosa ou da fé de cada um, permanece até hoje totalmente sem reposta para nós, vivos. Isso é o que torna este fenômeno fascinante, pois enquanto fenômeno, tais quais todos os demais diversos fenômenos da natureza, não temos domínio sobre ele - acontece quando tem que acontecer, escolhe o momento de se fazer presente.


Marcelo Franco

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